sexta-feira, 27 de julho de 2012

...CINEMA. Opiniões # 43 - Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge


...CINEMA
Opiniões #43 – Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, USA, 2012).
Por Marlon Fonseca



            Com este Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, encerra-se a trilogia e visão de Christopher Nolan sobre o personagem, iniciada em 2005 com Batman Begins e seqüenciada com Batman – O Cavaleiro das Trevas lançado em 2008.

            Nesta derradeira história, oito anos se passaram e Bruce Wayne está “aposentado” do manto do herói e vive recluso em sua mansão após os eventos finais do filme anterior. Porém uma ameaça que promete trazer o caos à Gotham o obriga a trazer Batman novamente à ação.

            Como em suas outras obras, o cineasta entrega, mais uma vez, um cinema de entretenimento de qualidade e com víes artístico. Mais do que centrar na ação ele foca no drama, desenvolvimento e relacionamento entre os personagens. É impressionante e admirável como em um filme de quase três horas de duração[1] não há espaço para qualquer tipo de “barriga”. Toda cena, diálogo, personagem e/ou objeto tem um porque dentro da trama e em algum momento isso se fará perceptível. A ligação com os filmes anteriores é importante e muito bem trabalhada.

            Desde o primeiro filme há o alerta que as escolhas que Bruce Wayne fez em sua caminhada têm ou terão efeitos em sua vida, na de seus amigos ou na cidade que jurou proteger. Seja na “escalada de vilões” que Gordon avisara ao fim do primeiro filme e se mostrou visível no segundo com a força da natureza personificada pelo Coringa[2] ou aonde ela o levaria e de como terminaria de fato, nos diálogos de alerta da figura paterna do Alfred.

Além da responsabilidade e efeitos de seus atos toda a trilogia possui subtramas. Em Batman Begins a subtrama era o medo. Já em O Cavaleiro das Trevas era sobre escolhas e as suas conseqüências. Já neste há a dor e sua superação como fio condutor.
           
 Trata-se do episódio mais dramático e denso da trilogia. Seja na gravidade e sensação de caos e pressa que a ameaça que ronda Gotham representa. Seja na forma de como os relacionamentos antigos e novos vão se desenvolvendo.

Nada disso seria possível, contudo, sem um elenco competente. Mas a equipe de atores que se formou em toda trilogia é quase que irretocável[3]. Os antigos intérpretes mantiveram a sua excelência e tiveram que dosa-los com novos sentimentos e situações de seus personagens. Bale continua administrando com maestria todas as nuances e psiques do protagonista. Michael Chaine brilha com seu Alfred, aqui responsável pelos momentos e diálogos mais dramáticos. Gary Oldman que há tempos merece uma prêmio por toda a sua carreira lida com gosto de se ver com seu Comissário Gordon atormentado pela sua mentira. Somente Morgan Freeman, que dispensa apresentações e elogios, não recebeu muitos novos detalhes com seu Lucius Fox, mas continua o defendendo bem.

Já as novas aquisições do elenco seguem a linha de excelência. Para começar Anne Hathaway afasta toda e qualquer desconfiança da parcela do público que a considerava inapta para o papel. Sua mulher-gato, mas do que apenas um fetiche ambulante é cheia de variáveis psicológicas sendo uma pária social tal qual, e porque não, o Batman. As cenas entre ela e o homem-morcego são muito interessantes e sempre de alguma maneira os diálogos abordam esta ligação entre ambos.

Joseph Gordon-Levit e Marion Cotiliard (que trabalharam com o diretor, no também, brilhante A Origem) possuem personagens que receberam pouco tratamento nos materiais de divulgação, mas são de suma importância para a trama. Ambos se saem bem em sua tarefa.

Por fim e não menos importante chegamos ao Bane de Tom Hardy, que, assim como Heath Ledger, desaparece por detrás de seu vilão. Anárquico, metódico, dotado de um visual e uma voz assustadores apresenta-se como o inimigo definitivo do herói. O arauto do caos de Gotham é um adversário equivalente tanto mental como fisicamente.

O primeiro embate entre ambos mostra isso claramente e é contundente o fato de nesta seqüência não haver qualquer música ao fundo, tornando-a ainda mais dramática, visceral e emblemática.

Além do roteiro bem delineado e do elenco competente, os demais aspectos técnicos seguem na linha da impecável execução. Os efeitos especiais continuam sendo utilizados apenas e tão somente para o desenvolvimento da história. Continuam a emular, o maximo possível, a visão realista que o diretor empregou ao Batman.

Neste aspceto, deve ser destacada ainda a escala grandiosa das cenas de ação. Ainda não empolgado com a tecnologia em 3D, Nolan prefere a filmagem com as câmeras especiais próprias para a exibição em IMAX. Mesmo não sendo visto neste formato, é perceptível esse toque. Os ávidos por cenas de ação, porém, podem se decepcionar um pouco, pois estas são pontuais e não gratuitas.[4] O que não é demérito nenhum diga-se de passagem.

Outro aspecto digno de nota é quanto à trilha sonora. Criada por Hans Zimmer, á frente de toda a trilogia[5] que de forma triunfante ambienta todo o longa.

Mas a “cereja do bolo” é a parte final do filme que encerra magistralmente não só o longa, mas toda a trilogia de forma triunfal. E o mais importante orgânica e dentro de todo o sentido proposto nesta visão sobre o personagem. É épica, dramática e emocional. [6]

E assim é o ato final dessa fase do Batman no cinema. A visão de Nolan e sua equipe termina por aqui de forma marcante não só dentro do gênero mas na própria história do cinema ante a sua visível qualidade. Outra equipe e sob outro enfoque certamente em breve trarão o personagem de volta aos cinemas. Por enquanto celebremos esse encerramento da forma como merece. Aos aplausos entusiasmados ao fim da sessão.


Cotação: (5/5 - 9,5/10)

Ficha Técnica: Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, USA, 2012). Drama. Ação. Direção: Christopher Nolan. Elenco: Christian Bale, Michale Caine, Anne Hathaway, Gary Oldman,Tom Hardy, Marion Cotillard, Joseph Gordon-Leviit, Morgan Freeman. Duração: 164 min.


[1] Duas horas e quarenta e cinco minutos para ser mais exato.
[2] Um “ser” que “só queria ver as coisas queimarem” ,sem motivo lógico qualquer.
[3] Katie Holmes em Batman Begins foi a exceção.
[4] Também é o filme que o herói aparece por menos tempo fantasiado.
[5] Que dividiu a tarefa no primeiro filme com James Newton Howard.
[6] O último diálogo entre Batman e Gordon chega a ser lírico.



____________________________________________________________
Especial Batman:

            Quem está acompanhando o nosso "Especial Batman" está gostando e em breve teremos mais textos abordando as varías facetas do personagem em todas as mídias que já marcou presença. Ainda não conferiu? Basta acessar este link

2 comentários:

  1. Um dos pontos que mais me agradaram no filme foi esse movimento circular com temas abordados nos outros longas, Marlon.

    Do simples ensinamento de um pai, repetido pelo tutor: "Porque caímos, Bruce?". Passando pela luta para alcançar a perfeição fisica. Coroando no diálogo final entre Batman e Gordon.

    Foram momentos que compensaram toda a espera.

    E são esses momentos que ficam na memória. Não o festival de ação gratuita (que não ocorre aqui, como o texto informa) venerado por Hollywood - Sim, ação é importante. Mas jamais deve ser o foco do filme.

    ResponderExcluir
  2. Lendo seu artigo, muito bem escrito, até me esqueço que não gostei do filme! srsrsrrsr

    Gostei da relação final do Batman com o Gordon, gostei da atuação da Mulher gato, me surpreendi com o vilão final, mas achei muito esticado o roteiro e com uma sentimentalidade que não é inerente ao Bruce, muito menos ao Batman.

    Sem a menor sombra de dúvida, "O cavaleiro das trevas" foi a melhor leitura do dilema do Batman, ser ou não ser!

    ResponderExcluir