domingo, 9 de abril de 2017

Crítica: The Legend of Zelda: Breath of the Wild

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Uma jornada de descobertas, chegadas e partidas.
Em Breath of Wild a saga Zelda novamente se reinventa e impacta o mundo dos games


Por Marlon Fonseca


Quem mesmo nunca jogou um jogo da saga “Zelda” sequer deve reconhecer a sua importância. Vez ou outra um lançamento da série é capaz de marcar uma geração e a história dos games em geral. E, em outro aspecto, ela consegue dentro de sua própria marca manter sua e base evoluir ao mesmo tempo em cada jogo chave que ela possui.

Nesse aspecto podemos considerar, por exemplo, The Legend of Zelda (NES), A link to the past (SNES), ocarina of time (N64 e 3DS) e, agora, breath of the wild como as “espinhas dorsais” dessa linha evolutiva.

Seguindo muito do padrão dos jogos citados acima, Link continua sendo o herói resoluto que ao despertar-se tem a missão de salvar Hyrule de um grande mal. Segundo seus idealizadores ela não faz parte de nenhuma das linhas narrativas da intricada cronologia da saga. Não seria de se espantar, também, se estivermos diante de mais um novo ponto de partida.

Miyamoto sempre declarou que concebeu o primeiro jogo para aguçar o espírito de descobertas no jogador. Cabia a ele entender e desbravar o que fazer e, se possível, compartilhar com os demais jogadores para criar uma rede de informações para se chegar, enfim, ao seu final. Seu sucessor e atual produtor da série, Eiji Anonuma soube seguir essa essência.

Breath of The Wild, que marca a despedida do Wii U e o início da era Switch, é acima de qualquer coisa, uma jornada de descobertas. E mais importante, resgata e fomenta mais do que em qualquer outro jogo já criado o caráter intuitivo da exploração mesmo que nas mínimas coisas.

Tudo é feito de forma bastante sútil. Por exemplo, logo no começo do jogo ao sair da caverna, link se depara com um machado perto de uma árvore. Intuitivamente o jogador se vê tentado a pega-lo. Se o fizer e cortar a árvore, ela cai no chão deixando frutos. Estes, se consumidos, recuperam parte da barra de energia. Ou seja, uma coisa vai levando a outra numa rede de revelações e aquisição de experiências e conhecimento.

O despertar para a aventura

E isso vai se expandindo em cada momento. Até por que ele só passa o mínimo de informações para que você prossiga na aventura. O mapa só aponta para onde se deve ir. Como, quando, você chegará lá é problema seu. No caminho mais achados vão aparecendo em forma de locais, pessoas, cidades, itens, etc.

Aliás, uma das coisas mais recompensadoras é quando se descobre em seu decorrer e a cada momento o quanto o jogo é minucioso até nos mínimos detalhes. Efeitos da chuva no solo e nas rochas, temporais em apenas alguns pontos do mapa podendo se vislumbrar de longe, etc. E, conforme, o desejo de Miyamoto, é acolhedor trocar essas manifestações com os colegas de exploração. Não é de se espantar que a cada jogada, a cada momento novos pequenos detalhes vão surgindo e maravilhando os jogadores.

Tudo isso potencializado por um mapa com geografias e identidades únicas que só potencializam a vontade e o instinto de conhecer cada lugar dessa nova versão de Hyrule.

Explore e descubra Hyrule das mais variadas maneiras


Além disso, clima e física fazem parte importante dessa jornada de descobertas. Se está em um local feio, Link deve de alguma forma procurar se aquecer. Use uma tocha e a acenda em uma lareira. Consiga uma roupa própria para isso ou um alimento com esse tipo de atribuição. Já com o paraglinde, o uso do vento pode ser favorável ou prejudicial na locomoção dependendo de direção e intensidade. Se utilizar fogo e choque em áreas sensíveis a eles o local e os inimigos próximos sentirão seus efeitos. Já as tempestades podem ser mortais.

O personagem nunca esteve tão ágil. Sua movimentação é precisa e nunca se teve tantos movimentos e opções de armas e itens como aqui. Cada qual com características como alcance, força, fraqueza, duração, trazendo uma gama de opções bastante variadas.

Além de inovar a própria saga e trazer novos elementos ao gênero de rpg de ação em mundo aberto, Breath of Wild soube também trazer para si elementos de jogos consagrados. As torres exercem função similar ás famosas ubitowers em jogos da ubisoft como far cry e assassins creed, por exemplo. Além de serem pontos de referência no mapa, servem para descobrir novo locais ao seu redor e de pontos de “viagem rápida”.

O jogo é repleto de detalhes para serem descobertos


Já na jogabilidade, uma barra de stamina, expediente que se vem sendo usado com mais habitualidade após a saga souls, traz um caráter estratégico e comedido nos usos de movimentos. Até uma escalda deve ser pensada e estudada antes de ser realizada dentro desse diapasão.

Ele se permite, inclusive, a incorporar alguns momentos de furtividade, outro elemento muito em voga nas ultimas gerações.

As tradicionais dungeons continuam sendo exemplo de level design inteligente, onde tudo se conecta ao final. Aqui elas se inovam em formas de divine beats onde até mesmo aborda-las geram momentos marcantes. Como não deveria deixar de ter, as boss battles seguem o estilo de descoberta de padrões e pontos fracos do oponente.

Aliadas a elas há a inclusão de shrines(templos), espalhadas por todo o mapa, que promovem desafios mais curtos, onde o uso da lógica é mais importante na maioria dos casos do que a habilidade. As orbs obtidas ao vencer cada uma são reversíveis em evolução nas barras de vida e stamina.

Shrines representam novos e variados desafios


Dentro do aspecto de missões secundarias há as habituais tarefas por itens trazidas por personagens ao longo da aventura. Além delas, a possibilidade de adquirir uma casa e desenvolvê-la também pode servir como expansão da experiência. Por fim, link pode tentar domar cavalos selvagens que encontrar pelo caminho e “registra-los” em estábulos espalhados pelo mapa. Mas estes são apenas exemplos trazidos aqui e, existem tem muitas outras coisas a serem exploradas e desvendadas.

Outra secundária importante é a busca por memórias a serem ativadas ao longo do mapa. Ao achar o ponto certo uma custcene aparece contando detalhes do passado. Nessas memórias quem brilha é zelda onde apresenta maior desenvolvimento e profundidade do que nunca visto na saga.


Desbloquear as memórias trazem momentos importantes e emocionantespara a história


Os gráficos são apresentados em um lindíssimo cel shadding, que torna toda a fauna e flora de Hyrule ainda mais viva. Animações e design de personagens e cenários são de alto nível e extremo bom gosto. Além de respeitar e diversificar a “identidade” dos locais, regiões e povos encontrados pelo caminho. Efeitos de partículas e iluminação completam a beleza gráfica do jogo.

A exuberância gráfica é notória

Já o som além de trazer acordes e trilha sonora que acompanham e embalam os momentos da história faz o uso do silêncio como potencializador do caráter de experimentação e vivência do game. Barulhos de vento, animais, da natureza em geral, assim se destacam trazendo uma sensação de imersão e contemplação únicas.

Os controles são precisos e a curva de aprendizagem é orgânica e dentro das experiências que o jogo vai proporcionando. Ele usa todos os comandos e atributos possíveis dos joy com´s do Switch. Há também a possibilidade de usos dos amiibos, cada um trazendo itens diferenciados, sendo alguns raros e exclusivos como vestuários e até mesmo o mítico cavalo Epona.

Como maior aspecto negativo que se deve destacar fica por conta de eventuais quedas na taxa de frame e alguns “engasgos”. Na versão testada, a do Switch em forma de console de mês, porém, isso ocorreu muito pouco. Relatos apontam que a versão para Wii U tem sofrido mais com esse tipo de problema. Um patch lançado recentemente prometeu melhorar esse aspecto em ambas as versões. Há também ocasionais “pop ins” onde elementos do cenários vão se “construindo” na frente do jogador. Mas nada que de fato atrapalhe a jogatina.




Como diz a celebre frase “a jornada é tão importante quanto o destino” e Breath of The Wild a encarna muito bem ao trazer e incentivar um mundo de descobertas e aventuras nunca antes visto. O tempo irá dizer se temos um dos maiores jogos de todos os tempos, mas sem dúvidas trata-se de uma obra-prima e um dos jogos mais bem produzidos, inteligentes e detalhados das últimas gerações. E ainda serve como uma digna despedida de um console e a chegada triunfante de outro.



Nota: 10,00



Ficha Técnica: The Legend of Zelda Brath of the Wild.

Gênero: Aventura, RPG

Desenvolvido por: Nintendo

Publicado por: Nintendo

Consoles: Switch, Wii u. Testado na versão switch.