Uma jornada de descobertas, chegadas
e partidas.
Em Breath of Wild a saga Zelda
novamente se reinventa e impacta o mundo dos games
Por Marlon Fonseca
Quem mesmo
nunca jogou um jogo da saga “Zelda” sequer deve reconhecer a sua importância.
Vez ou outra um lançamento da série é capaz de marcar uma geração e a história
dos games em geral. E, em outro aspecto, ela consegue dentro de sua própria
marca manter sua e base evoluir ao mesmo tempo em cada jogo chave que ela
possui.
Nesse aspecto
podemos considerar, por exemplo, The Legend of Zelda (NES), A link to the past
(SNES), ocarina of time (N64 e 3DS) e, agora, breath of the wild como as “espinhas
dorsais” dessa linha evolutiva.
Seguindo muito
do padrão dos jogos citados acima, Link continua sendo o herói resoluto que ao
despertar-se tem a missão de salvar Hyrule de um grande mal. Segundo seus
idealizadores ela não faz parte de nenhuma das linhas narrativas da intricada
cronologia da saga. Não seria de se espantar, também, se estivermos diante de
mais um novo ponto de partida.
Miyamoto
sempre declarou que concebeu o primeiro jogo para aguçar o espírito de
descobertas no jogador. Cabia a ele entender e desbravar o que fazer e, se
possível, compartilhar com os demais jogadores para criar uma rede de
informações para se chegar, enfim, ao seu final. Seu sucessor e atual produtor
da série, Eiji Anonuma soube seguir essa essência.
Breath of The
Wild, que marca a despedida do Wii U e o início da era Switch, é acima de
qualquer coisa, uma jornada de descobertas. E mais importante, resgata e
fomenta mais do que em qualquer outro jogo já criado o caráter intuitivo da
exploração mesmo que nas mínimas coisas.
Tudo é feito
de forma bastante sútil. Por exemplo, logo no começo do jogo ao sair da
caverna, link se depara com um machado perto de uma árvore. Intuitivamente o
jogador se vê tentado a pega-lo. Se o fizer e cortar a árvore, ela cai no chão
deixando frutos. Estes, se consumidos, recuperam parte da barra de energia. Ou
seja, uma coisa vai levando a outra numa rede de revelações e aquisição de
experiências e conhecimento.
O despertar para a aventura |
E isso vai se
expandindo em cada momento. Até por que ele só passa o mínimo de informações
para que você prossiga na aventura. O mapa só aponta para onde se deve ir.
Como, quando, você chegará lá é problema seu. No caminho mais achados vão
aparecendo em forma de locais, pessoas, cidades, itens, etc.
Aliás, uma das
coisas mais recompensadoras é quando se descobre em seu decorrer e a cada
momento o quanto o jogo é minucioso até nos mínimos detalhes. Efeitos da chuva
no solo e nas rochas, temporais em apenas alguns pontos do mapa podendo se
vislumbrar de longe, etc. E, conforme, o desejo de Miyamoto, é acolhedor trocar
essas manifestações com os colegas de exploração. Não é de se espantar que a
cada jogada, a cada momento novos pequenos detalhes vão surgindo e maravilhando
os jogadores.
Tudo isso
potencializado por um mapa com geografias e identidades únicas que só
potencializam a vontade e o instinto de conhecer cada lugar dessa nova versão
de Hyrule.
Explore e descubra Hyrule das mais variadas maneiras |
Além disso,
clima e física fazem parte importante dessa jornada de descobertas. Se está em
um local feio, Link deve de alguma forma procurar se aquecer. Use uma tocha e a
acenda em uma lareira. Consiga uma roupa própria para isso ou um alimento com esse
tipo de atribuição. Já com o paraglinde,
o uso do vento pode ser favorável ou prejudicial na locomoção dependendo de
direção e intensidade. Se utilizar fogo e choque em áreas sensíveis a eles o
local e os inimigos próximos sentirão seus efeitos. Já as tempestades podem ser
mortais.
O personagem
nunca esteve tão ágil. Sua movimentação é precisa e nunca se teve tantos
movimentos e opções de armas e itens como aqui. Cada qual com características
como alcance, força, fraqueza, duração, trazendo uma gama de opções bastante
variadas.
Além de inovar
a própria saga e trazer novos elementos ao gênero de rpg de ação em mundo
aberto, Breath of Wild soube também trazer para si elementos de jogos consagrados.
As torres exercem função similar ás famosas ubitowers
em jogos da ubisoft como far cry e assassins creed, por exemplo. Além de
serem pontos de referência no mapa, servem para descobrir novo locais ao seu
redor e de pontos de “viagem rápida”.
O jogo é repleto de detalhes para serem descobertos |
Já na
jogabilidade, uma barra de stamina, expediente que se vem sendo usado com mais
habitualidade após a saga souls, traz
um caráter estratégico e comedido nos usos de movimentos. Até uma escalda deve
ser pensada e estudada antes de ser realizada dentro desse diapasão.
Ele se
permite, inclusive, a incorporar alguns momentos de furtividade, outro elemento
muito em voga nas ultimas gerações.
As
tradicionais dungeons continuam sendo
exemplo de level design inteligente,
onde tudo se conecta ao final. Aqui elas se inovam em formas de divine beats onde até mesmo aborda-las
geram momentos marcantes. Como não deveria deixar de ter, as boss battles
seguem o estilo de descoberta de padrões e pontos fracos do oponente.
Aliadas a elas
há a inclusão de shrines(templos),
espalhadas por todo o mapa, que promovem desafios mais curtos, onde o uso da
lógica é mais importante na maioria dos casos do que a habilidade. As orbs
obtidas ao vencer cada uma são reversíveis em evolução nas barras de vida e
stamina.
Shrines representam novos e variados desafios |
Dentro do
aspecto de missões secundarias há as habituais tarefas por itens trazidas por
personagens ao longo da aventura. Além delas, a possibilidade de adquirir uma
casa e desenvolvê-la também pode servir como expansão da experiência. Por fim,
link pode tentar domar cavalos selvagens que encontrar pelo caminho e
“registra-los” em estábulos espalhados pelo mapa. Mas estes são apenas exemplos
trazidos aqui e, existem tem muitas outras coisas a serem exploradas e
desvendadas.
Outra
secundária importante é a busca por memórias a serem ativadas ao longo do mapa.
Ao achar o ponto certo uma custcene aparece contando detalhes do passado.
Nessas memórias quem brilha é zelda onde apresenta maior desenvolvimento e
profundidade do que nunca visto na saga.
Desbloquear as memórias trazem momentos importantes e emocionantespara a história |
Os gráficos
são apresentados em um lindíssimo cel shadding, que torna toda a fauna e flora
de Hyrule ainda mais viva. Animações e design de personagens e cenários são de
alto nível e extremo bom gosto. Além de respeitar e diversificar a “identidade”
dos locais, regiões e povos encontrados pelo caminho. Efeitos de partículas e
iluminação completam a beleza gráfica do jogo.
A exuberância gráfica é notória |
Já o som além
de trazer acordes e trilha sonora que acompanham e embalam os momentos da
história faz o uso do silêncio como potencializador do caráter de
experimentação e vivência do game. Barulhos de vento, animais, da natureza em
geral, assim se destacam trazendo uma sensação de imersão e contemplação
únicas.
Os controles
são precisos e a curva de aprendizagem é orgânica e dentro das experiências que
o jogo vai proporcionando. Ele usa todos os comandos e atributos possíveis dos joy
com´s do Switch. Há também a possibilidade de usos dos amiibos, cada um
trazendo itens diferenciados, sendo alguns raros e exclusivos como vestuários e
até mesmo o mítico cavalo Epona.
Como maior
aspecto negativo que se deve destacar fica por conta de eventuais quedas na
taxa de frame e alguns “engasgos”. Na versão testada, a do Switch em forma de
console de mês, porém, isso ocorreu muito pouco. Relatos apontam que a versão
para Wii U tem sofrido mais com esse tipo de problema. Um patch lançado recentemente
prometeu melhorar esse aspecto em ambas as versões. Há também ocasionais “pop
ins” onde elementos do cenários vão se “construindo” na frente do jogador. Mas
nada que de fato atrapalhe a jogatina.
Como diz a
celebre frase “a jornada é tão importante quanto o destino” e Breath of The
Wild a encarna muito bem ao trazer e incentivar um mundo de descobertas e
aventuras nunca antes visto. O tempo irá dizer se temos um dos maiores jogos de
todos os tempos, mas sem dúvidas trata-se de uma obra-prima e um dos jogos mais
bem produzidos, inteligentes e detalhados das últimas gerações. E ainda serve
como uma digna despedida de um console e a chegada triunfante de outro.
Nota: 10,00
Ficha Técnica: The Legend of Zelda Brath of the Wild.
Gênero: Aventura, RPG
Desenvolvido por: Nintendo
Publicado por: Nintendo
Consoles: Switch, Wii u. Testado na versão switch.