...CINEMA
Opiniões # 71- Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek
Into Darkness, USA, 2013)
Por Marlon Fonseca
Durante algum tempo em Hollywood, o cinema de
entretenimento de qualidade, filmes voltados para a diversão do público, mas
que traziam um “algo a mais” como os de Spielberg e outros cineastas,
apresentava-se acéfalo e barulhento, sem um pingo de inventividade e energia de
seus criadores. Felizmente, uma nova leva de talentosos diretores trouxe á tona
novamente essa vertente. Cristopher Nolan com sua trilogia do Cavaleiro das Trevas e A Origem foi um deles. J. J Abrams aparece também como um dos nomes
fortes.
Em 2009, foi dado a Abrams, após seu sucesso como um dos
criadores e produtores do seriado Lost e sua segurança na direção do terceiro
episódio de Missão Impossível 3, a tarefa de revitalizar uma das franquias mais
queridas, Star Trek, que já fora
chamada por aqui de Jornada nas Estrelas.
O Diretor, ao lado dos seus colaboradores habituais,
Roberrto Orci, Alex Kurtzman, Damon Lindelof (roteiristas e produtores) e
Michael Giachino (que cuida da trilha sonora de seus filmes) e de um elenco
formidável, reinventou a franquia de forma a apresentar-se como um recomeço
para a série, sem desrespeitar seus cânones. O resultado conseguiu agradar aos
fãs antigos e trazer novos ao lado dos intrépidos tripulantes da U.S.S
Enterprise em um filme muito bem feito e divertido.
Abrams sentado à frente do excelente elenco que reuniu |
Agora, passados quatro anos, era chegada a hora da tão ou
ainda mais difícil tarefa de apresentar uma continuação. E Abrams e sua equipe
conseguiram não só manter as qualidades do filme anterior como trazer novos e
bem-vindos elementos, resultando em um filme ainda melhor que seu antecessor se saindo mais sombrio e denso, sem perder o humor e o ritmo de aventura.
Em Além da
Escuridão: Star Trek, o Capitão Kirk e seus comandados precisam combater um
terrível terrorista, antigo membro da Federação, em um embate muito mais
complicado e perigoso do que se apresenta.
Todo o elenco
original está de volta, apresentando aquela química perfeita estabelecida no
primeiro filme, e com a possibilidade de trazer novas camadas em seus
personagens. A relação de amizade e diferença de postura ante a uma situação
entre Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto) continua sendo a espinha
dorsal nesse sentido, mas todos os demais personagens têm seus momentos e a
chance de brilhar. A Uhura de Zoe Saldana é um achado e equilibra o grupo ao
lado do rabugento e divertido “Magro” de Karl Urban. Até Simon Pegg, habitual
comediante inglês bastante festejado, é presenteado com uma cena mais séria do
seu Scotty. Alice Eve é a nova adição é tem participação importante na trama
assim como o eterno Robocop Petter Weller, que há tempos não tinha um papel de
destaque.
Vilão perigoso e imprevisível |
Mas o “algo a mais” do filme reside na interpretação
magnética de Benedict Cumberbatch como o vilão John Harrison. Quem acompanha o
ator na excelente série Sherlock da
BBC sabe que nele reside um grande talento, mas mesmo assim pode se surpreender
com o que ele apresenta no filme. Há tempos não, só na franquia, mas no cinema
em geral não se vê um vilão tão perigoso em uma atuação tão brilhante[1]. Sua voz grave, seu olhar
oscilando entre a frieza, a raiva e a loucura são alguns dos pontos altos de
sua composição. Mesmo quando, enfim, se
descobre seu objetivo fica difícil prever seu próximo passo.
O roteiro é redondo, apresentando uma ou outra
reviravolta, ainda que não tão imprevisíveis, mas prende o espectador do começo
ao fim. Não há espaço nos 132 minutos de projeção para quebra de ritmo, nem
mesmo nas cenas mais calmas. Os cânones da série clássica, quando utilizados, e
ainda que reinventados, não ofendem o material original e agregam qualidade ao
filme à mitologia de toda a série.
Os efeitos especiais e o 3D completam o espetáculo |
Contrário à utilização da conversão em 3D no início das
filmagens, Abrams acabou cedendo à pressão do estúdio e, mesmo assim,
apresentou a melhor utilização do formato nos últimos tempos. A divertidíssima
e movimentada sequência inicial do filme é um grande exemplo disso. Os efeitos
especiais estão formidáveis e dá até para perceber em alguns momentos efeitos
sonoros da série clássica.
Assim, Além da
Escuridão: Star Trek alcançou todos os seus objetivos. Fortaleceu a
retomada da franquia e brindou a todos com um espetáculo de entretenimento de
qualidade com cérebro e coração. E mais trouxe aos cinemas um vilão que há
tempos não se via e catapultou de vez ao estrelato um talento que ainda vai
render muito.
Cotação:
9,0
Ficha Técnica: Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into
Darkness, USA, 2013). Aventura, Ficção Científica. Direção: J.J Abrams. Elenco:
Chris Pine, Zachary Quinto, Benedict Cumberbatch, Zoe Saldana, Simon Pegg, Karl
Urban, Anton Yelchin, Peter Weller, Bruce Greenwood. Duração 132 min.
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A
Fronteira final de Abrams.
Após a aquisição dos direitos da Lucasfilm pelos estúdios
Disney, imediatamente fora anunciada uma leva de filmes da saga espacial,
inclusive com uma nova principal trilogia contendo os episódios VII, VII e IX.
Rapidamente a Disney ofereceu a Abrams, fã confesso das trilogias anteriores, a
direção.
As filmagens acontecerão em breve e o filme tem previsão
de estreia para 2015. Mark Hamill, Carrie Fischer e Harrison Ford estão
confirmados para retornar como Luke, Leia e Han solo respectivamente. Ainda não
se sabe o teor da trama.