domingo, 16 de junho de 2013

...CINEMA. Opiniões # 71 - Além da Escuridão: Star Trek

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Opiniões # 71- Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into Darkness, USA, 2013)

Por Marlon Fonseca

 
            Durante algum tempo em Hollywood, o cinema de entretenimento de qualidade, filmes voltados para a diversão do público, mas que traziam um “algo a mais” como os de Spielberg e outros cineastas, apresentava-se acéfalo e barulhento, sem um pingo de inventividade e energia de seus criadores. Felizmente, uma nova leva de talentosos diretores trouxe á tona novamente essa vertente. Cristopher Nolan com sua trilogia do Cavaleiro das Trevas e A Origem foi um deles. J. J Abrams aparece também como um dos nomes fortes.

            Em 2009, foi dado a Abrams, após seu sucesso como um dos criadores e produtores do seriado Lost e sua segurança na direção do terceiro episódio de Missão Impossível 3, a tarefa de revitalizar uma das franquias mais queridas, Star Trek, que já fora chamada por aqui de Jornada nas Estrelas.

            O Diretor, ao lado dos seus colaboradores habituais, Roberrto Orci, Alex Kurtzman, Damon Lindelof (roteiristas e produtores) e Michael Giachino (que cuida da trilha sonora de seus filmes) e de um elenco formidável, reinventou a franquia de forma a apresentar-se como um recomeço para a série, sem desrespeitar seus cânones. O resultado conseguiu agradar aos fãs antigos e trazer novos ao lado dos intrépidos tripulantes da U.S.S Enterprise em um filme muito bem feito e divertido.
Abrams sentado à frente do excelente elenco que reuniu

            Agora, passados quatro anos, era chegada a hora da tão ou ainda mais difícil tarefa de apresentar uma continuação. E Abrams e sua equipe conseguiram não só manter as qualidades do filme anterior como trazer novos e bem-vindos elementos, resultando em um filme ainda melhor que seu antecessor se saindo mais sombrio e denso, sem perder o humor e o ritmo de aventura.

            Em Além da Escuridão: Star Trek, o Capitão Kirk e seus comandados precisam combater um terrível terrorista, antigo membro da Federação, em um embate muito mais complicado e perigoso do que se apresenta.

             Todo o elenco original está de volta, apresentando aquela química perfeita estabelecida no primeiro filme, e com a possibilidade de trazer novas camadas em seus personagens. A relação de amizade e diferença de postura ante a uma situação entre Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto) continua sendo a espinha dorsal nesse sentido, mas todos os demais personagens têm seus momentos e a chance de brilhar. A Uhura de Zoe Saldana é um achado e equilibra o grupo ao lado do rabugento e divertido “Magro” de Karl Urban. Até Simon Pegg, habitual comediante inglês bastante festejado, é presenteado com uma cena mais séria do seu Scotty. Alice Eve é a nova adição é tem participação importante na trama assim como o eterno Robocop Petter Weller, que há tempos não tinha um papel de destaque.
Vilão perigoso e imprevisível
            Mas o “algo a mais” do filme reside na interpretação magnética de Benedict Cumberbatch como o vilão John Harrison. Quem acompanha o ator na excelente série Sherlock da BBC sabe que nele reside um grande talento, mas mesmo assim pode se surpreender com o que ele apresenta no filme. Há tempos não, só na franquia, mas no cinema em geral não se vê um vilão tão perigoso em uma atuação tão brilhante[1]. Sua voz grave, seu olhar oscilando entre a frieza, a raiva e a loucura são alguns dos pontos altos de sua composição.  Mesmo quando, enfim, se descobre seu objetivo fica difícil prever seu próximo passo.

            O roteiro é redondo, apresentando uma ou outra reviravolta, ainda que não tão imprevisíveis, mas prende o espectador do começo ao fim. Não há espaço nos 132 minutos de projeção para quebra de ritmo, nem mesmo nas cenas mais calmas. Os cânones da série clássica, quando utilizados, e ainda que reinventados, não ofendem o material original e agregam qualidade ao filme à mitologia de toda a série.
Os efeitos especiais e o 3D completam o espetáculo

            Contrário à utilização da conversão em 3D no início das filmagens, Abrams acabou cedendo à pressão do estúdio e, mesmo assim, apresentou a melhor utilização do formato nos últimos tempos. A divertidíssima e movimentada sequência inicial do filme é um grande exemplo disso. Os efeitos especiais estão formidáveis e dá até para perceber em alguns momentos efeitos sonoros da série clássica.

            Assim, Além da Escuridão: Star Trek alcançou todos os seus objetivos. Fortaleceu a retomada da franquia e brindou a todos com um espetáculo de entretenimento de qualidade com cérebro e coração. E mais trouxe aos cinemas um vilão que há tempos não se via e catapultou de vez ao estrelato um talento que ainda vai render muito.

Cotação: 9,0
Ficha Técnica: Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into Darkness, USA, 2013). Aventura, Ficção Científica. Direção: J.J Abrams. Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Benedict Cumberbatch, Zoe Saldana, Simon Pegg, Karl Urban, Anton Yelchin, Peter Weller, Bruce Greenwood. Duração 132 min.


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A Fronteira final de Abrams.

        
    Depois de revitalizar Star Trek, dirigir o tão aguardado episódio VII de Star Wars é a próxima missão espacial de Abrams.

            Após a aquisição dos direitos da Lucasfilm pelos estúdios Disney, imediatamente fora anunciada uma leva de filmes da saga espacial, inclusive com uma nova principal trilogia contendo os episódios VII, VII e IX. Rapidamente a Disney ofereceu a Abrams, fã confesso das trilogias anteriores, a direção.

            As filmagens acontecerão em breve e o filme tem previsão de estreia para 2015. Mark Hamill, Carrie Fischer e Harrison Ford estão confirmados para retornar como Luke, Leia e Han solo respectivamente. Ainda não se sabe o teor da trama.




[1] O último que vem a mente nesse sentido é o brilhante Coringa de Heath Ledger.