quarta-feira, 20 de junho de 2012

CINEMA... Adaptações (parte 2) - Histórias em Quadrinhos para as telas


...CINEMA
Adaptações parte 2 –Histórias em Quadrinhos para as telas.
Por Marlon Fonseca


            
         Hollywood demorou a achar o tom certo para as adaptações de histórias em Quadrinhos. Gênero hoje muito bem estabelecido e respeitado, que demorou a ter o seu devido tratamento e respeito.

            Se antes era tratado como “subgênero de filmes de ação” com filmes feitos com baixo orçamento e de forma errada e desapaixonada hoje trata-se de um gênero próprio com grandes filmes feitos por excelentes cineastas e realizadores como Bryan Singer, Kenneth Brannagh e Cristopher Nolan.

            Assim como nos livros, adaptar uma história em quadrinhos (na abreviatura Hq´s) ou Graphic Novel ou fazer um filme sobre um personagem desse tipo de mídia requer certos requisitos e atenções.

             Tal como em qualquer tipo de adaptação, a essência é a “pedra fundamental”. No caso em tela considera-se para tal os aspectos psicológicos dos personagens (engana-se quem acha que isso não existe nos quadrinhos – tal assunto e ponto de vista será devidamente tratado em outra ocasião), motivações, sua origem. Aqui a liberdade é um pouco maior com relação aos livros, pois comum e logicamente, não se adapta uma história em específico (principalmente por que a grande maioria dos super-heróis tem histórias publicadas há mais de 50 anos). No caso de Graphics Novels por serem obras mais fechadas aplica-se mais o que fora falado no tocante aos livros.

X-men 2: um grande exemplo de adaptação até hoje.
Manteve a subtrama de luta pelo preconceito e a es-
-ssência dos personagens, sem perder sua própria
identidade.

            Saber dosar ação, humor e drama nesse tipo de gênero também resulta em bons frutos, claro, que, repito, dentro da sua essência: um filme bem-humorado demais do Batman foge á sua essência sombria (o infame Batman e Robin de Joel Schumacher está aí para comprovar), já o excessivamente “engraçadinho” O Quarteto Fantástico prejudicou o sucesso e a continuidade da franquia.

            Um curioso requisito também deve ser observado: a questão do uniforme. Parece brincadeira, mas no que tange a um Super-herói o seu uniforme é um elemento tão identificador como a sua personalidade e motivação - se não acreditam procurem em qualquer fórum ou site de notícias da internet sobre cinema e vejam os comentários quando a primeira foto de um filme do personagem com seu uniforme surge. Algumas modificações no tocante a esse assunto, porém, foram muito bem sucedidas como o fato de Tim Burton ter enxergado o óbvio e ter transformado o uniforme do Batman em negro ou a troca realizada por Bryan Singer nos uniformes coloridos dos X-men por também uniformes negros para casar com o tom mais realista que empregou na franquia.

Muito certo...

            




...com alguns equívocos






      

















            Conhecido como o “primeiro dos super-heróis”, Superman também ostenta o título de primeira grande adaptação de um personagem em quadrinhos para as telas. Estrelado pelos saudosos e talentosos Cristopher Reeve, Marlon Brando e Gene Hackman, roteirizado por Mario Puzo (autor de O Poderoso Chefão) e dirigido com muita competência por Richard Donner “Superman – o filme” de 1973 é uma aventura romântica, bem humorada e fiel á essência do personagem.



            Após o sucesso retumbante de público e crítica de Superman -o filme e sua espetacular continuação o gênero passou a apresentar resultados irregulares com erros como as demais continuações dos filme do homem de aço e filmes fraquíssimos de personagens não tão populares e acertos como os filmes do Conan (que catapultaram Scwarzenegger ao estrelato) e os dois Batman de Tim Burton.

            Com fracasso de público e crítica de Batman e Robin em 1997, que serviu, apenas, para se mostrar como não se faz um filme, o gênero sofreu um “baque” e correu o risco de ficar relegado.
           
Nem o bom elenco do filme conseguiu salvar esse desastre com história ridícula (!), perda da essência do personagem com um filme excessivamente colorido e bobo(!!?), piadas infames e uniformes descaracterizados e...com mamilos (!!!!????).)

            Porém em 2000, estreava X-men- o Filme mostrando que um filme do Gênero pode ser maduro, divertido e rentável. Dirigido por Bryan Singer de forma inteligente o filme acerta ao preservar o tema central dos personagens: a busca por aceitação e o aspecto do preconceito entre raças. Curto, “redondinho” fez e sucesso e ganhou outras continuações sendo a segunda parte um dos melhores filmes de todos os tempos no Gênero.

          A partir daí as salas dos cinemas, ano a ano foram tomadas por todo e qualquer tipo de super-herói gerando filmes em sua grande maioria de ótima qualidade e tornando-se sucessos de público e crítica.

A Trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi
foi um retumbante sucesso ainda que criticas
surgiram em sua terceira parte. O herói retorna
este ano para um recomeço

            Com esse reconhecimento o gênero foi aumentando e os cineastas mais talentosos passaram a ousar cada vez mais o inovando e aperfeiçoando-o gênero. Batman – O Cavaleiros das Trevas é tido dentre outras coisas como uma das grandes obras primas do cinema. Ao realizar o melhor filme do Batman (e do gênero) de todos os tempos, Cristopher Nolan o fez como um grande drama policial.

Batman e Coringa em "O Cavaleiro das Trevas)


            Graphics Novels, geralmente obras ainda mais maduras, também tiveram seu espaço e a maior delas e considerada com extrema justiça uma das maiores obras literárias de todos os tempos teve sua correta e fiel adptação: Watchmen de Alan Moore. Mesmo com o seu final modificado sem perder o conteúdo (o que se mostrou uma atitude acertada) o filme é maduro, violento,sexy e complexo.



            Outro triunfo foi o misto de prequel e reboot X-Men: primeira classe. Tomando várias liberdades criativas ao material adaptado e até mesmo aos filmes anteriores, a trama que mostra a origem dos personagens e o início da relação conturbada entre o Professor Xavier e Magneto é mais um competente drama do que um filme de ação.

            Um grande passo também foi dado pela Marvel (que diante do sucesso dos seus personagens nas telas fundou seu próprio estúdio para tratar de seus personagens que ainda não estavam sob contrato com outros estúdios). A empresa trouxe ás telas a forma coesa e interligada que seu “Universo” nos Quadrinhos é tratada pavimentando e, todos os seus filmes Homem de Ferro, O Incrivel Hulk, Homem de Ferro 2, Thor e Capitão América o caminho para uma das maiores empreitadas nos gênero: o filme da equipe composta por esses personagens OS Vingadores que irá estrear daqui há poucos meses.[1]



            Porém com sua popularidade e grande quantidade de produções do gênero erros também ocorreram: Lanterna Verde é exemplo mais recente. O personagem e seu universo tinham tudo para gerar um ótimo filme ficou no meio do caminho com um espetáculo visual, porém superficial no conteúdo e com roteiro bastante deficitário. Seu fracasso, contudo, mostrou que o público também soube amadurecer e tornou-se mais exigente.

Lanterna Verde decepcionou


            Felizmente, hoje vivemos momento de grandes filmes do gênero com mais acertos que erros e que ainda consegue inovar, amadurecer e, por que não, até ousar.
           

           


[1] Nota: este texto foi escrito no inicio do ano antes da Estréia de Os Vingadores que hoje já é um dos maiores sucessos cinematográficos de todos os tempos.