sábado, 30 de março de 2013

Opiniões #58 - Jack: O Caçador de Gigantes


...CINEMA
Opiniões #58 – Jack O Caçador de Gigantes ( Jack, The Gian Slayer, USA, 2013).
Por Marlon Fonseca

          
                 
  Em Jack O Caçador de Gigantes (sim, a produtora nem teve o capricho de adaptar ao nome nacional) temos mais uma adaptação de um conto de fadas. Trata-se da história de João e o pé-de-feijão com verniz de aventura épica.

            João, ou melhor, Jack, um jovem e pacato camponês acaba se envolvendo, acidentalmente, em uma aventura envolvendo gigantes, feijões e uma princesa a ser resgatada.

            O que salta aos olhos na produção é seu aspecto visual. Direção de arte, fotografia com uma iluminação caprichada que utiliza decentemente os efeitos em 3D[1] e os efeitos especiais, principalmente no visual e movimentação dos gigantes.

            Curioso, em se tratando de um filme dirigido por Bryan Singer, é que, dessa vez, não há um cuidado em torno do aprofundamento dos personagens e história. Singer, assim, entrega um filme visualmente espetacular e um passatempo razoável apenas.


Visual...

...direção de arte...

            As cenas envolvendo as batalhas contra os gigantes são muito bem elaboradas e o clímax movimentado e interessante.

            O elenco recheado de grandes nomes nos papéis secundários reforça o interesse no filme. Temos Ewan Mcgregor como o destemido Elmont, Ian Mcshane como o rei, Stnaley Tucci como o cínico Roderick e Bill Nighy emprestando sua voz ao gigante Fallon. Há também uma participação especial do eterno Willow, Warrick Davis. O casal principal é vivido por Nicholas Hoult que, como Jack, emplaca seu segundo mocinho desajeitado no ano[2] e a pouco conhecida e bela Eleanor Tomlinson que dá conta do recado como a princesa Isabelle.

... e efeitos dos gigantes são o ponto alto do filme


            Visualmente espetacular e muito movimentado, Jack O Caçador de Gigantes segue na média das adaptações de contos de fadas que vêm aportando aos cinemas[3] se saindo um bom filme, mas longe de ser inesquecível.

Cotação: 7,5

Ficha Técnica: Jack O Caçador de Gigantes ( Jack, The Gian Slayer, USA, 2013). Aventura, Fantasia. Direção: Bryan Singer. Elenco: Nicholas Hoult, Eleanor Tomlinson, Ewan McGregor, Stanley Tucci, Ian McShane, Bill Nighy. Duração: 114 min.





[1] Principalmente os raios de sol entre nuvens e florestas
[2] Ele estrelou também o divertido Meu Namorado é um Zumbi: http://blogdofalandode.blogspot.com.br/2013/02/cinema-opinioes-54-meu-namorado-e-um.html
[3] convenhamos, poucas conseguiram emplacar de verdade.

quinta-feira, 28 de março de 2013

...CINEMA. Opiniões #57 - G.I Joe - A Retaliação


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Opiniões # 57- G.I Joe – A Retaliação ( G.I Joe Retaliation, USA, 2013)
Por Marlon Fonseca

           

              Se tem uma palavra que define a, agora franquia, baseada nas action figures e animações dos Comandos em Ação é a descrença.

            O primeiro filme, lançado em 2009, causou preocupação aos fãs com o lançamento do seu primeiro trailer. Era cheiro de “bomba” certa. Curioso que, essa própria descrença acabou por ajudar o filme, pois ele se apresentou “melhor do que aparentava”.

            Com o razoável sucesso do primeiro, uma continuação foi imediatamente encomendada e hoje, quatro anos após ganhou a luz do dia. Mas também enfrentou problemas com descrença. E tudo novamente por causa de seu trailer.

            Na verdade, esse G.I Joe – A Retaliação era para ter sido lançado no ano passado. Seu adiamento teve como justificativa inicial o fato de o filme ter sido levado para uma conversão em 3D. Mas, o que se fala nos bastidores, foi a recepção morna nas sessões testes e o fato de o personagem de Channing Tatum (que do primeiro filme para cá vem em ascensão) ser aparentemente limado logo no início do filme. Os boatos contam, ainda, de que novas cenas teriam sido rodadas e algumas refeitas.
Duke (Channing Tatum) morre ou não?

            Bom, agora é chegada a hora de conferir se a continuação também conseguirá vencer a tal descrença.

            Na trama, que respeita os acontecimentos do final do primeiro filme, os Joes são submetidos a uma emboscada letal. Os poucos sobreviventes vão atrás dos responsáveis (a organização Cobra...quem mais?) para tentar desmantelar seu plano maligno e para vingar seus companheiros mortos.

            O roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick é extremamente simplório. A história se apresenta como dita no parágrafo acima. É isso e nada mais. São poucos os desdobramentos em torno dela, bem como não esperem desenvolvimentos dos personagens. O único que se salva é o ninja Storm Shadow que, inclusive é o responsável pela volta da utilização do recurso de flashback[1].

            Essa simplicidade incomoda em alguns momentos, principalmente no fato de Roadblock (Dwayne “The Rock” Johnson) ter tão rapidamente descoberto quem estava por trás da emboscada. Os diálogos explicando a trama a todo o momento também irritam. O ritmo ágil, no entanto, ameniza as falhas e torna o filme palatável.

A direção de John M. Chu, outro fator de descrença ante seus trabalhos anteriores[2]·, acaba por ser a grande surpresa do filme. O cineasta mostra certo domínio nas cenas de ação e de luta.
Elenco e cenas de ação salvam um pouco o filme

E a tal conversão em 3D? Nada de espetacular. Dentro da média de irregularidade das conversões que aportam aos cinemas constantemente.

            Do mais, temos um filme mais sério do que o anterior, ainda que tenha uma ou outra cena ou diálogo “engraçadinhos”.  A entrada de Bruce Willis (ainda que com pouco tempo de tela) e Dwayne Johnson ao elenco ajudou no crédito do filme e lhe acrescenta carisma. Jhonathan Pryce é o que se sai melhor em termos de atuação como o Presidente dos EUA. Adrienne Palicki entrega beleza e coragem à sua Lady Jaye.

            As tomadas de ação são bem elaboradas e os armamentos e veículos são bacanas. Os ninjas Snake Eyes (vivido novamente por Ray Park – o eterno Darth Maul)e Storm Shadow (além de mais uma nova ninja, Jinx), continuam roubando as cenas. Já o subaproveitamento de vilões icônicos como o Comandante Cobra[3] e Destro vão decepcionar os fãs de longa data.
Comandante Cobra: infelizmente não foi bem aproveitado
            Se estiver descrente com o longa, não desanime. Ele consegue ser uma forma de divertimento superficial ainda que não honre o material original no qual foi inspirado. Entre altos e baixos consegue se manter tendo em vista principalmente as cenas e ação e o bom e carismático elenco.


Obs: Mais uma vez não há o tradicional grito de guerra da equipe, sendo substituído pelo já batido "Urra"

Cotação: 6,5

Ficha Técnica: G.I Joe – A Retaliação (G.I Joe Retaliation, USA, 2013). Ação. Direção: John M. Chu. Elenco: Channing Tatum, Dwayne “The Rock” Johnson, Bruce Wiilis, Jonhatan Pryce, Adrianne Palicki, Ray Park. Duração: 110 min.
           


[1] Muito utilizado no primeiro filme
[2] Ele vem de filmes como Justin Bieber never say never e da franquia Se ela dança eu danço.
[3] Não mais vivido por Joseph Gordon Levitt. Quem assume o papel é Luke Bracey.

sábado, 2 de março de 2013

...CINEMA. Opiniões #56 - O Lado Bom da Vida.


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Opiniões # 56 - O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, USA, 2012).

Por Marlon Fonseca


                Existe uma linha bastante entre tênue entre o que supomos ser convencional ou desajustado. Se encaixar na vida, seguir padrões considerados normais e/ ou aceitáveis pode ser algo dificultoso ou tortuoso para determinadas pessoas.

O caminho para se encontrar no mundo é diferente para todos. Para uns ele chega facilmente. Para outros vem através de curvas sinuosas e inesperadas. Uns desistem de encontrá-lo, outros fingem já ter encontrado, mas vivem em uma mentira, em uma redoma.

O Lado Bom da Vida é um daqueles raros filmes que, ao fugir do convencional, do lugar comum, torna-se único e marcante. Nele, temos a história de Pat (Bradley Cooper) retomando a vida após oito meses internado em um manicômio. Diagnosticado com transtorno bipolar, teve um verdadeiro surto após descobrir a traição de sua esposa. Ao conhecer Tiffany (Jennifer Lawrence), uma viúva que percorreu a ninfomania para aplacar sua tristeza, ambos passam a desenvolver uma amizade e se ajudar mutuamente.

Mais do que uma drama leve ou uma comédia dramática, trata-se de uma verdadeira ode aos desajustados. Quase todos os personagens, senão todos fogem ao convencional. Temos um protagonista completamente surtado, seu par que mente, xinga a torto e a direito mas possui um algo mais a se desvendar, um senhor viciado em apostas e extremamente supersticioso com manias estranhas para assistir ao jogo de seu time de futebol americano, uma maníaca por controle que sufoca seu esforçado marido. Esse casal, interpretado pela sumida Julia Stiles e Paul Herman, inclusive, mostra o quanto o “convencional” pode ser tão sufocante quanto uma vida “desajustada”.
Personagens "desajustados" dão o tom.
  Aliás, todo o filme. Seja na sua estrutura e desenvolvimento que nos mantém sempre focados, pois não sabemos o que surgirá a seguir, seja nas emoções alternantes que ele nos passa a cada minuto. As relações entre os personagens são complexas e muito bem trabalhadas. Os diálogos são um deleite de tão inteligentes e bem inspirados. A leveza de como tudo é tratado o torna muito agradável.

Essa fuga ao convencional ecoa principalmente no elenco. Bradley Cooper que, ora alterna papéis de galã ora de comediante, foge do seu próprio convencional com um personagem mais denso do que aparenta. Seu olhar distante em alguns momentos é típico de pessoas que passam ou passaram por essas situações e o ator soube muito bem alternar as emoções e sentimentos de seu personagem. Muito bom também ver Robert De Niro saindo do seu lugar comum e voltando a entregar uma atuação brilhante como o pai do protagonista, um senhor cheio de superstições em torno do seu time de futebol americano. Detalhe para a participação de Chris Tucker, o comediante falastrão da trilogia A Hora Do Rush surpreendentemente contido e elegante. Jacki Weaver completa o elenco com chave de ora como a mão do protagonista.
O casal perfeito mais imperfeito dos últimos tempos

Mas o filme é de Jennifer Lawrence. Falar de sua atuação depois de todos os prêmios que ela conquistou pode ser complicado ou redundante, mas deve ser destacado. Aos 22 anos, a atriz mostra uma segurança de veterana em uma personagem extremamente complexa e com nuances. A bela e talentosa atriz dança, xinga, grita, chora, ri com tamanha intensidade e veracidade que impressiona. Lawrence e Bradley nos apresentam o casal imperfeito mais perfeito dos últimos tempos.

Méritos também para o diretor David O. Roussel que pela segunda vez consecutiva emplaca um filme com indicações para melhor filme, diretor e elenco no Oscar. Não é pouco.[1]

A lição que fica é clara. Existe de fato um convencional? É ele o caminho único e correto para a felicidade? Independente da resposta, todos procuram seu espaço no mundo. E cada um tem seu caminho para percorrer e acha-lo. Mas o mais importante: todos possuem um algo a mais a ser desvendado e desenvolvido. Basta querer e correr atrás.


Ficha técnica: O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, USA, 2012). Comédia. Drama. Direção: David O. Roussel. Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker. Duração: 122 min.

Cotação: Nota 10 para um filme que deixa a lição que uma nota 5 ás vezes pode ser o suficiente





[1] Ele mesmo que também já foi considerado um desajustado ante ao infame vídeo no qual vocifera grosserias para com a atriz Lily Tomlin