domingo, 2 de abril de 2017

Crítica #98 - A Vigilante do amanhã

Crítica # 98 – A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (Ghost in the shell, usa, 2017).

Por Marlon Fonseca



Adaptação de manga e animes japoneses que se tornaram cult no ocidente, percorreu um longo caminho até chegar ao que enfim se apresenta, podendo inclusive, abrir portas para outras adaptações desse segmento como Akira, outro projeto em longa gestação.

Batizado aqui de A vigilante do Amanhã sua trama traz a personagem Major, uma agente modificada cientificamente e pertencente a um grupo de operações especiais, tentando se readaptar e encontrar seu lugar nesse novo mundo enquanto investiga os ataques de um cyber terrorista que ameaça a sociedade e essa nova realidade que se apresenta.

Visualmente temos um longa que impressiona e encanta. Com ecos de Martrix e blade runner, sua direção de arte e estilo são inegavelmente o ponto alto do filme. Essa ligação com os longas citados é compreensível pois o primeiro tem a própria animação que o inspira como fonte de suas muitas referências enquanto o segundo traz muito de sua pertinência temática. O casamento com a estética nipônica aliada ao estilo americano nunca ficou tão interessante de se ver e admirar.

O visual e o estilo são os pontos altos.

Se na forma e estilo ele acerta, erra em sua substância. Podendo tratar de temas como o impacto da tecnologia na sociedade, a responsabilização e limites de seu uso, dentre muitos outros, o filme prefere focar-se apenas e tão somente na jornada de redescoberta de sua protagonista.

Mesmo assim, isso não seria o maior problema se essa abordagem tivesse uma execução satisfatória. Porém, temos um filme inteiramente desprovido de emoção. As cens chaves que que Major confronta-se com a verdade e seu passado não conseguem trazer nenhum impacto emocional ao espectador. O subtexto da “alma dentro da casca” (daí o título original da obra) é trabalhado com o artifício de diálogos expositivos e repetitivos.

E essa apatia reflete-se, também, nas cenas de ação. Se a primeira sequência desse segmento, a do ataque de uma queixa-robô a um jantar, apresenta-se como um bom cartão de visitas, as demais são infectadas pela escolha da forma ao invés do conteúdo.

A questão existencial da protagonista é abordada de forma rasa.


            O elenco que traz bons nomes faz o que pode com o material. Scarlett Johansson, já habituada a esse tipo de papel, até tenta trazer um ou outro elemento de composição, como uma rigidez proposital ao andar, por exemplo e se sai bem nas cenas de ação. Juliette Binoche e Takeshi Kitano trazem mais corpo dramático apesar de serem igualmente sabotado pela superficialidade geral.

 Sendo assim, sobra estilo e beleza e falta um conteúdo melhor trabalhado em Vigilante do Amanhã. Aqui, a casca se saiu mais importante que a alma.


Nota: 6,5



Ficha Técnica: A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (Ghost in the shell, usa, 2017). Direção: Rupert Sanders. Elenco: Scarlett Johansson, Takeshi Kitano, Juliette Binoche, Takeshi Kitano, Pilou Asbek, Michael Pitt. Duração. 107 min.