sábado, 10 de agosto de 2013

...CINEMA. Opiniões # 83 - Círculo de Fogo

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Opiniões # 83 – Círculo de Fogo (Pacific Rim, USA, 2013)

Por Marlon Fonseca

            O Fascínio do diretor e produtor Guillermo Del Toro por monstros é nítido. Basta percorrer sua interessante filmografia e atestar tal fato. Mas é com Círculo de Fogo que ele presta sua apaixonada homenagem ao seu gênero preferido.

            Inspirado nos filmes de monstros como os de Godzilla, nos seriados japoneses, os tokusatsus, tipo Jaspion, Changeman e demais, além de animes//mangãs como Evangellion, Robotech[1], Gundam, o filme transporta as batalhas entre robes gigantes e criaturas abissais para as telas com tudo que a tecnologia atual tem a oferecer.

E engana-se quem tenta compara-lo com os filmes de Transformers, que, infelizmente, tornaram-se sinônimo de barulheira e destruição desenfreada e descerebrada em razão do seu diretor e a duvidosa qualidade do segundo e terceiro filmes.

            Na trama, ambientada em um futuro não tão distante, a Terra passa a ser assolada por ataques dos Kajui (“monstros” ou “fera estranha” em Japonês), criaturas surgindo do oceano e para combatê-los são criados os Jaegers (“caçadores” em alemão). Após anos de combates os ataques passam a ser mais intensos e o programa e a humanidade estão ameaçados. É chegada, a hora, portanto de uma última iniciativa. E dois pilotos, um ex-combatente desacredito (Charlie Hunnam, competente) e uma jovem e novata cadete (Rinko Kikuchi, excelente) são a esperança.
Para controlar os Jaegers são necessários dois pilotos em uma conexão neural

            Tanto a história como o roteiro são executados de forma bastante simples. A maior inventividade é a forma como os Jaegers são controlados. São necessários dois pilotos conectados psiquicamente para fazê-los funcionar.

            Tal fato seria o catalisador no roteiro paras as situações dramáticas do filme, mas elas pouco ocorrem. Mesmo sendo um filme feito de alma e coração pelo seu diretor e nitidamente “abraçado” pelo competente e dedicado elenco, o aspecto emocional é o que há de mais fraco no filme. Todas as relações entre os personagens são rápida e superficialmente estabelecidas.[2]
O Visual é deslumbrante

            Outrossim, a dupla de cientistas (interpretados por Charlie Day e Burn gorman) ás voltas com um experimento que pode mudar o rumo da batalha e sua aventura no submundo comandado por um traficante estilo cafetão americano (interpretador pelo figuraça Ron Pearlman, o Hellboy dos dois ótimos filmes do personagem dirigidos por Del Toro), não conseguem atingir a comicidade esperada.

            Mesmo esses aspectos não tiram a espetacularidade do filme. As (muitas) batalhas entres Kajui e Jaegers são empolgantes e extremamente bem executadas. É até curioso identificar na “coreografia” de suas lutas golpes já vistos em Ultraman e etc.

            Outro aspecto interessante a ser destacado é o cuidado da produção em mostrar o impacto cultural e físico de anos de batalhas nas cidades atingidas. Ao contrário de filmes recentes como Os Vingadores, Homem de Aço, e Transformers, as destruições são “sentidas” e passam a incorporar os cenários resultando em um belíssimo trabalho de direção de arte.
O Estrago dos terríveis Kajui é sentido no ambiente e na sociedade

            Aliás, é no aspecto visual que o filme se sobressai. Os efeitos especiais estão impecáveis e o design dos mechs e dos monstros muito bacanas.

            A fotografia alternando entre o azul e o cinza, a constate e forte chuva caindo servem para ambientar o espectador no aspecto apocalíptico e oprimido em que o mundo se encontra.[3]
            Inicialmente avesso em converter o filme para o 3D, o diretor acabou cedendo á pressão do estúdio e o filme acabou sofrendo uma conversão para o formato muito bem feita, agregando ainda mais qualidade ao seu visual. Círculo de Fogo, inclusive, é para ser assistido na maior e melhor tela e sons possíveis.
Os confrontos são fantásticos

            Em contraposição, e não se garantindo apenas nos efeitos, Del toro e sua equipe entregaram cenários reais gigantescos e bem trabalhados, como, por exemplo, as “cabines dos pilotos” dos Jaegers.

            Empolgante, apaixonado e bem executado Círculo de Fogo é uma homenagem sincera e um entretenimento de primeira. A sua simplicidade e superficialidade na história e personagens não prejudicam em todo o seu ótimo resultado final.

Nota: Há uma cena após os belíssimos créditos finais.

Cotação: 9,0

Ficha Técnica: Círculo de Fogo (Pacific Rim, USA, 2013). Aventura. Ficção Científica. Direção: Guillermo Del Toro. Elenco: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day, Burn Gorman, Ron Pearlman. Duração: 131 min.




[1] Que ganhará um filme em breve protagonizado e produzido por Leonardo dicaprio
[2] Há até uma rivalidade entre pilotos ao estilo Top Gun
[3] Reparem que o céu só fica claro na sequência final do filme.