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Opiniões # 83 – Círculo de Fogo (Pacific Rim, USA, 2013)
Por Marlon Fonseca
O Fascínio do diretor e produtor Guillermo Del Toro por
monstros é nítido. Basta percorrer sua interessante filmografia e atestar tal
fato. Mas é com Círculo de Fogo que
ele presta sua apaixonada homenagem ao seu gênero preferido.
Inspirado nos filmes de monstros como os de Godzilla, nos
seriados japoneses, os tokusatsus, tipo
Jaspion, Changeman e demais, além de animes//mangãs como Evangellion, Robotech[1], Gundam, o filme
transporta as batalhas entre robes gigantes e criaturas abissais para as telas
com tudo que a tecnologia atual tem a oferecer.
E
engana-se quem tenta compara-lo com os filmes de Transformers, que, infelizmente, tornaram-se sinônimo de barulheira
e destruição desenfreada e descerebrada em razão do seu diretor e a duvidosa
qualidade do segundo e terceiro filmes.
Na trama, ambientada em um futuro não tão distante, a
Terra passa a ser assolada por ataques dos Kajui (“monstros” ou “fera estranha”
em Japonês), criaturas surgindo do oceano e para combatê-los são criados os
Jaegers (“caçadores” em alemão). Após anos de combates os ataques passam a ser
mais intensos e o programa e a humanidade estão ameaçados. É chegada, a hora,
portanto de uma última iniciativa. E dois pilotos, um ex-combatente desacredito
(Charlie Hunnam, competente) e uma jovem e novata cadete (Rinko Kikuchi,
excelente) são a esperança.
Para controlar os Jaegers são necessários dois pilotos em uma conexão neural |
Tanto a história como o roteiro são executados de forma
bastante simples. A maior inventividade é a forma como os Jaegers são
controlados. São necessários dois pilotos conectados psiquicamente para
fazê-los funcionar.
Tal fato seria o catalisador no roteiro paras as
situações dramáticas do filme, mas elas pouco ocorrem. Mesmo sendo um filme
feito de alma e coração pelo seu diretor e nitidamente “abraçado” pelo
competente e dedicado elenco, o aspecto emocional é o que há de mais fraco no
filme. Todas as relações entre os personagens são rápida e superficialmente
estabelecidas.[2]
O Visual é deslumbrante |
Outrossim, a dupla de cientistas (interpretados por
Charlie Day e Burn gorman) ás voltas com um experimento que pode mudar o rumo
da batalha e sua aventura no submundo comandado por um traficante estilo
cafetão americano (interpretador pelo figuraça Ron Pearlman, o Hellboy dos dois ótimos filmes do
personagem dirigidos por Del Toro), não conseguem atingir a comicidade
esperada.
Mesmo esses aspectos não tiram a espetacularidade do
filme. As (muitas) batalhas entres Kajui e
Jaegers são empolgantes e
extremamente bem executadas. É até curioso identificar na “coreografia” de suas
lutas golpes já vistos em Ultraman e etc.
Outro aspecto interessante a ser destacado é o cuidado da
produção em mostrar o impacto cultural e físico de anos de batalhas nas cidades
atingidas. Ao contrário de filmes recentes como Os Vingadores, Homem de Aço, e Transformers, as destruições são
“sentidas” e passam a incorporar os cenários resultando em um belíssimo
trabalho de direção de arte.
O Estrago dos terríveis Kajui é sentido no ambiente e na sociedade |
Aliás, é no aspecto visual que o filme se sobressai. Os
efeitos especiais estão impecáveis e o design dos mechs e dos monstros muito
bacanas.
A fotografia alternando entre o azul e o cinza, a
constate e forte chuva caindo servem para ambientar o espectador no aspecto
apocalíptico e oprimido em que o mundo se encontra.[3]
Inicialmente avesso em converter o filme para o 3D, o
diretor acabou cedendo á pressão do estúdio e o filme acabou sofrendo uma
conversão para o formato muito bem feita, agregando ainda mais qualidade ao seu
visual. Círculo de Fogo, inclusive, é
para ser assistido na maior e melhor tela e sons possíveis.
Os confrontos são fantásticos |
Em contraposição, e não se garantindo apenas nos efeitos,
Del toro e sua equipe entregaram cenários reais gigantescos e bem trabalhados,
como, por exemplo, as “cabines dos pilotos” dos Jaegers.
Empolgante, apaixonado e bem executado Círculo de Fogo é
uma homenagem sincera e um entretenimento de primeira. A sua simplicidade e
superficialidade na história e personagens não prejudicam em todo o seu ótimo
resultado final.
Nota: Há
uma cena após os belíssimos créditos finais.
Cotação: 9,0
Ficha Técnica: Círculo de Fogo (Pacific Rim, USA, 2013). Aventura. Ficção Científica. Direção:
Guillermo Del Toro. Elenco: Charlie
Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Charlie Day, Burn Gorman, Ron Pearlman.
Duração: 131 min.