sexta-feira, 28 de junho de 2013

...CINEMA. Opiniões #74 - Guerra Mundial Z

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Opiniões # 74 – Guerra Mundial Z (World War Z, USA, 2013).

Por Marlon Fonseca

            Os zumbis estão dominando o mundo há um bom tempo. Definitivamente eles são a “bola da vez” como os vilões e ameaças apocalípticas, seja nos games, televisão e, claro, no cinema.

Brad Pitt estrela e produz essa adaptação livre do livro homônimo de Max Brooks[1] onde ele interpreta Gerry Lane um ex-investigador da ONU que tem que voltar a ativa e atravessar o mundo para tentar descobrir a cura para uma pandemia que passou a transformar as pessoas em terríveis zumbis.

Dirigido por Marc Forster (de grandes trabalhos como A Ultima Ceia, O Caçador de Pipas e do mediano 007- Quantum of Solace) a produção passou por diversos problemas que colocaram a qualidade do filme em xeque antes mesmo de ele estrear. Primeiramente, surgiram vários boatos sobre desentendimentos entre o diretor e Pitt durante as filmagens. O mais grave, porém, foi a necessidade de se refazer todo o terceiro ato do filme o que atrasou o lançamento e estourou o já alto orçamento do filme.

Mesmo com todos esses problemas o resultado é plenamente satisfatório apresentando-se um filme bem-feito, divertido, com genuínos momentos de tensão em um ritmo, em sua grande maioria, ágil.
Correria, desespero e tensão.

Claramente dividido em três atos a trama apresenta primeiramente o personagem de Pitt no meio ao surto pandêmico tentando proteger sua família. No segundo ato, sua volta ao mundo buscando o “paciente zero” e tentando entender melhor o que aconteceu, para no último ato chegar ao seu objetivo ou parte dele.

Curiosamente, o último ato ainda é o mais problemático com uma quebra moderada do ótimo ritmo estabelecido nos dois anteriores. Mesmo que apresente bons momentos de tensão ficou evidente que destoa do resto, apesar de apresentar uma conclusão satisfatória
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A infabilidade do protagonista também incomoda um pouco mesmo levando em conta que o roteiro o apresenta como um especialista no seu ramo, certas situações são difíceis de engolir causando, ocasionalmente, risos na plateia[2].
O tom do filme e sério.

Tirando esses dois aspectos, o resultado ainda é positivo e o filme se sai muitíssimo bem como peça de entretenimento.

Os zumbis apresentados aqui, além de bem maquiados e bem realizados quando em computação gráfica metem realmente medo em dados momentos e são extremamente perigosos por sua violência, agilidade e forma de adaptação ao ambiente.
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 Forster, em entrevista[3], afirmou que o objetivo era mostra-los como um “enxame de abelhas” em razão da situação de superpopulação em que o mundo se encontra. E se no trailer tal fato se mostrara exagerado no filme em si funciona muito melhor.
Um verdadeiro "enxame" de zumbis

O diretor que começara a carreira ganhando destaque na forma sensível que lidava com seus filmes se desprende desse aspecto e mostra domínio técnico nas inúmeras e ótimas sequências de ação e correria. O roteiro até tenta incluir algo intimista na trama, principalmente na relação do protagonista com a sua família, mas o foco mesmo e na alternância entre sequências de adrenalina e de tensão e é isso que o longa tem de melhor. Também não há muito espaço para piadinhas dando ao filme um tom bastante sério.
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Como virou costume dentre os blockbusters, o filme foi convertido para 3D e infelizmente vemos mais uma vez uma utilização fraca do formato. Assisti-lo dessa forma, portanto, é plenamente dispensável.

Brad Pitt, que andava propositadamente sumido de produções desse porte, mostra que de fato evoluiu como ator e mostra-se um “astro de ação” muito acima da média do que se tem visto. No elenco de apoio, atores e atrizes não tão conhecidos do grande público, mas que cumprem seu papel (o mais conhecido Matthew Fox, o Jack de Lost, acabou sendo prejudicado pelo refazimento de parte do filme, sendo relegando a apenas uma breve sequência no início do filme).

Guerra Mundial Z, portanto, consegue sair de forma satisfatória do turbilhão de problemas que fora sua produção. Entregando um bom produto de entretenimento com doses satisfatórias de ação e tensão. Forster e Pitt podem ficar sossegados. Até porque o bom resultado de bilheteria desse ultimo fim de semana já garantiu uma continuação. Os zumbis ainda vão dominar o mundo por muito tempo.

Cotação: 8,0

Ficha técnica: Guerra Mundial Z (World War Z, USA, 2013). Ação. Terror. Direção: Marc Forster. Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz. Duração: 116 min.






[1] Do autor também recomendamos o divertidíssimo  O Guia de Sobrevivência a zumbis.
[2] Mas nada foi mais risível do que a morte de um personagem que aparentava ser importante.
[3] Lida na revista Previw do mês de Junho de 2013.