Opiniões #07 – Cada um tem a Gêmea que Merece (Jack e Jill,
2011).
Por Marlon Fonseca
O
comediante, ator e produtor Adam Sandler goza de situação privilegiada em
Hollywood atualmente, pois produz e atua em, pelo menos, um filme por ano com
razoável sucesso.
Sua
filmografia, porém, apresenta resultados bastante irregulares. Apesar de já ter
flertado com gêneros variados como drama (no bom Reine Sobre Mim), comedias dramáticas (como no bom e incompreendido
Espanglês e no irregular Tá Rindo do Que?) e até ação (em Á prova de balas), a grande maioria de
seus filmes pertencem ao gênero comédia.
Seus
maiores sucessos no gênero foram os filmes que conseguiram equilibrar momentos escatológicos
com situações mais sensíveis conforme visto em O
Paizão , A Herança
de Mr. Deeds, Click, Esposa de
Mentirinha. E quando esse equilíbrio não é alcançado seus filmes resultam
em fracassos qualitativos como Gente
Grande, Zoham - o Agente bom de
Corte.
Algo que deve
ser observado é que a partir da situação confortável que criou em sua carreira,
seus personagens passaram dos loser´s
e desajustados para os bem sucedidos, porém perdidos na vida e arrogantes.
Passamos
então a analisar a sua nova incursão cinematográfica. No filme somos
apresentados aos irmãos gêmeos Jack e Jill. Jack é um bem sucedido diretor e
produtor de comerciais e Jill uma solteirona carente e “expansiva” que vai
visitar sue irmão e família no feriado de ação de graças e vai estendendo a sua
permanência indefinidamente para desespero do mesmo. Sandler interpreta ambos
os irmãos.
Homem
interpretando mulheres não é novidade no cinema. Dustin Hoffman deu um
verdadeiro show ao interpretar um ator fracassado que se veste de mulher e
enfim alcança o sucesso em Tootsie.
Em Uma Babá Quase Perfeita, sucesso de público
e crítica se “transforma” na babá de seus filhos para ficar mais próximos deles.
Eddie Murphy e Martin Lawrence também tiveram suas incursões em Norbit e na série Vovó...zona.
Em cada um tem a gêmea que merece faltou
exatamente o já citado equilíbrio entre escatologia e situações sensíveis
pendendo a balança mais para o lado do primeiro resultando em um amontoado de
piadas sem graça, grosseiras e ofensivas a alguns segmentos da sociedade. [1]
Praticamente
uma sessão de esquetes com as trapalhadas da irmã e as tentativas do irmão em
se livrar dela a qualquer custo, o roteiro no filme é praticamente inexistente
e incoerente. Sandler repete todos os maneirismos que usa em seus filmes sendo
que a personalidade de Jill se assemelha aos losers e desajustados que costumava interpretar no início da
carreira e a de Jack ao que o ator anda interpretando atualmente: o
bem-sucedido, porém arrogante.
Outro
aspecto curioso da filmografia do ator reside no elenco de seus filmes. Sandler
já contracenou com grandes veteranos como Kathy Bates (sua mãe em O Rei da Água), Harvey Keitel (seu “pai” em Little
Nicky ), Jack Nichoslon (seu terapeuta em Tratamento de Choque) e Cristopher Walken (seu mentor em Click) e fez par romântico com belas,
carismáticas e talentosas atrizes como Paz Vega e Téa Leoni (Espanglês), Jennifer Aninston (Esposa de Mentirinha), Salma Heyek (Gente Grande), Kate Backinsale (Click),
dentre outras.
Nesse
quesito, o elenco do filme apresenta altos e baixos. Al Pacino resulta na
melhor coisa do filme. Interpretando a si mesmo, são deles os melhores e mais divertidos
momentos e diálogos.[2] Já
no tocante ao elenco feminino o filme não foi feliz, pois conta com a insossa
“Sra. Tom Cruise” Katie Holmes, além, claro, de Sandler como uma Jill
extremamente irritante.
Sendo
assim, o filme se inclui nos fracassos de crítica e público do ator, resultado
em um filme fraco, sem graça, grosseiro que se salva um pouco e tão somente por
mostrar um Al Pacino tresloucado como nunca se viu.
Cotação:
Ficha Técnica: Cada um tem a
Gêmea que Merece (Jack e Jill, USA 2011). Comédia. Direção: Denis Dugan. Elenco. Adam
Sandler, Al Pacino, Katie Holmes. Duração: 91 min.