sábado, 11 de fevereiro de 2012

Opiniões #07- Cada um tem a gêmea que merece.


Opiniões #07 – Cada um tem a Gêmea que Merece (Jack e Jill, 2011).
Por Marlon Fonseca




            O comediante, ator e produtor Adam Sandler goza de situação privilegiada em Hollywood atualmente, pois produz e atua em, pelo menos, um filme por ano com razoável sucesso.

            Sua filmografia, porém, apresenta resultados bastante irregulares. Apesar de já ter flertado com gêneros variados como drama (no bom Reine Sobre Mim), comedias dramáticas (como no bom e incompreendido Espanglês e no irregular Tá Rindo do Que?) e até ação (em Á prova de balas), a grande maioria de seus filmes pertencem ao gênero comédia.

            Seus maiores sucessos no gênero foram os filmes que conseguiram equilibrar momentos escatológicos com situações mais sensíveis conforme visto em O Paizão, A Herança de Mr. Deeds, Click, Esposa de Mentirinha. E quando esse equilíbrio não é alcançado seus filmes resultam em fracassos qualitativos como Gente Grande, Zoham - o Agente bom de Corte.

Algo que deve ser observado é que a partir da situação confortável que criou em sua carreira, seus personagens passaram dos loser´s e desajustados para os bem sucedidos, porém perdidos na vida e arrogantes.

            Passamos então a analisar a sua nova incursão cinematográfica. No filme somos apresentados aos irmãos gêmeos Jack e Jill. Jack é um bem sucedido diretor e produtor de comerciais e Jill uma solteirona carente e “expansiva” que vai visitar sue irmão e família no feriado de ação de graças e vai estendendo a sua permanência indefinidamente para desespero do mesmo. Sandler interpreta ambos os irmãos.

Homem interpretando mulheres não é novidade no cinema. Dustin Hoffman deu um verdadeiro show ao interpretar um ator fracassado que se veste de mulher e enfim alcança o sucesso em Tootsie. Em Uma Babá Quase Perfeita, sucesso de público e crítica se “transforma” na babá de seus filhos para ficar mais próximos deles. Eddie Murphy e Martin Lawrence também tiveram suas incursões em Norbit e na série Vovó...zona.

            Em cada um tem a gêmea que merece faltou exatamente o já citado equilíbrio entre escatologia e situações sensíveis pendendo a balança mais para o lado do primeiro resultando em um amontoado de piadas sem graça, grosseiras e ofensivas a alguns segmentos da sociedade. [1]

            Praticamente uma sessão de esquetes com as trapalhadas da irmã e as tentativas do irmão em se livrar dela a qualquer custo, o roteiro no filme é praticamente inexistente e incoerente. Sandler repete todos os maneirismos que usa em seus filmes sendo que a personalidade de Jill se assemelha aos losers e desajustados que costumava interpretar no início da carreira e a de Jack ao que o ator anda interpretando atualmente: o bem-sucedido, porém arrogante.

            Outro aspecto curioso da filmografia do ator reside no elenco de seus filmes. Sandler já contracenou com grandes veteranos como Kathy Bates (sua mãe em O Rei da Água), Harvey Keitel (seu “pai” em Little Nicky), Jack Nichoslon (seu terapeuta em Tratamento de Choque) e Cristopher Walken (seu mentor em Click) e fez par romântico com belas, carismáticas e talentosas atrizes como Paz Vega e Téa Leoni (Espanglês), Jennifer Aninston (Esposa de Mentirinha), Salma Heyek (Gente Grande), Kate Backinsale (Click), dentre outras.

            Nesse quesito, o elenco do filme apresenta altos e baixos. Al Pacino resulta na melhor coisa do filme. Interpretando a si mesmo, são deles os melhores e mais divertidos momentos e diálogos.[2] Já no tocante ao elenco feminino o filme não foi feliz, pois conta com a insossa “Sra. Tom Cruise” Katie Holmes, além, claro, de Sandler como uma Jill extremamente irritante.

            Sendo assim, o filme se inclui nos fracassos de crítica e público do ator, resultado em um filme fraco, sem graça, grosseiro que se salva um pouco e tão somente por mostrar um Al Pacino tresloucado como nunca se viu.


Cotação:


Ficha Técnica: Cada um tem a Gêmea que Merece (Jack e Jill, USA 2011). Comédia. Direção: Denis Dugan. Elenco. Adam Sandler, Al Pacino, Katie Holmes. Duração: 91 min.


[1] Judeus e Mexicanos são os alvos preferidos.
[2] Quando ele balbucia algumas coisas para parecer que está falando Francês e Italiano é hilário.