domingo, 15 de dezembro de 2013

...CINEMA. Opiniões # 90 - O Hobbit: A Desolação de Smaug

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Opiniões #90 – O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, USA, Nova Zelândia,  2013).

Por Marlon Fonseca


            A trilogia Senhor Dos Anéis é uma das obras mais aclamadas e premiadas do cinema (mostramos nosso apreço pela obra aqui). Após sua conclusão esperava-se ansiosamente pela adaptação do livro O Hobbit que mostra história anterior à “Guerra do Anel”.

            Depois de um longo imbróglio jurídico pelos direitos da obra e a troca no comando da direção (Guillermo Del Toro chegou a ser contratado para dirigir, mas abandonou a produção que voltou para Peter Jackson, diretor da trilogia do anel) a nova saga começou a tomar forma e estreou nos cinemas no ano passado.

            E aí aconteceu a decisão, movida provavelmente por uma ganância maior do que a do dragão vilão Smaug, em transformar essa adaptação, também em uma trilogia. Ocorre que, diferente de “O Senhor dos Anéis” que é de fato uma trilogia literária, ‘O Hobbit” é uma obra contida em apenas um livro.

            Portanto, ao invés do processo de condensação feita na trilogia anterior (muitíssimo bem feito, diga-se de passagem), nessa houve um expediente de ampliação e adição de passagens e personagens para “garantir” os três filmes.

            Essa decisão foi visível no primeiro filme e bastante prejudicial ao mesmo, tornando-o sem ritmo e desnecessariamente extenso. Ainda que todas as demais qualidades da trilogia, que abalou o mundo há 10 anos, estavam presentes, a impressão que ficou foi a de um filme “sem sal”. Um verdadeiro pecado.
A aventura continua

            Outro aspecto dessa extensão da história é que o tom do livro, um pouco mais ingênuo e infantil, ganha contornos mais sombrios se adequando ao da trilogia do anel.

            Agora chegamos à segunda parte da trilogia onde continuamos acompanhando o jovem Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) ao lado de Gandalf (Ian Mckellen) e uma trupe de anões comandada por Thorrin (Richard Armitage) atrás do ouro e demais tesouros que se encontra na Montanha Solitária onde habita o terrível dragão Smaug (voz e movimentos capturados de Bennedict Cumberbach).

            Aqui ainda enfrentamos os problemas impostos no primeiro filme, mas dessa vez em menor quantidade sendo o resultado bastante superior. É aqui que a história “engrena” de fato.

            Mesmo que em seu início o problema de ritmo ainda exista da sua metade para o seu final enxergamos uma melhoria considerável com um clímax sensacional.
Esmero visual acentuado em 48 fps e 3D

            Como em toda obra de Tolkien valores como coragem, honra, amizade, companheirismo são destacados. Mas, dessa vez, porém, em razão dos inúmeros acréscimos e mudanças à obra original, são poucos os diálogos inspirados e líricos de fato.
            Dentre as adições feitas a este filme o destaque fica pela presença de Legolas (Orlando Blom) e da elfa Tauriel (Evangeline Lilly), criada exclusivamente para o filme e para adicionar um personagem feminino forte.

            O longa contém cenas de ação bastante competentes e algumas memoráveis como a fuga dos anões em barris e o duelo com o terrível Smaug. Além de momentos genuínos de tensão como a batalha contra arranhas gigantes e o encontro de Gandalf com um ser conhecido dos fãs.
Cenas de ação marcantes como a fuga dos barris...

            O filme foi assistido em sua resolução máxima com velocidade à 48 fps (frames por segundo) e 3D. Essa filmagem em 48 quadrados por segundo dobra o padrão atual de 24. Isso reflete na movimentação do filme que se mostra bem mais realista. Os olhos mais treinados sentirão imediatamente a diferença, mas, mesmo eles, poderão sentir um incômodo no início. Já o 3D, assim, como na primeira parte, está muito bem utilizado agregando ainda mais imersão á aventura na belíssima Terra Média.

            Além desses esmeros técnicos continuamos a vislumbrar a excelência na direção de arte, figurino e trilha sonora marcas registradas de todas as adaptações de obras de Tolkien até então.
...e o confronto com Smaug

            O elenco continua dando muitíssimo bem conta do recado. Os remanescentes da trilogia anterior continuam á vontade em seus marcantes papeis. Já os “novatos” agregam qualidade como Martin Freeman excelente como Bilbo e Richard Armitage como Thorin. O dração Smaug ganha contornos realísticos e assustadores graças ao desempenho assustadoro de Bennedict Cumberbach (que também empresta sua voz ao Necromance).

            Sendo assim, a (forçada) trilogia do Hobbit começa, enfim a ganhar força. O esmero técnico continua impecável e os problemas do primeiro filme começam a ficar diluídos. Cenas de ação brilhantes, personagens carismáticos e um clímax impecável fizeram muito bem a essa segunda parte como um todo. Ano que vem veremos, finalmente, o resultado e consequência final da ganância de Smaug e dos produtores dessa nova trilogia.

Nota: Não percam uma aparição do diretor Peter Jackson logo no comecinho do filme.

Cotação: 8,5


Ficha Técnica: O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, USA, Nova Zelândia 2013). Aventura. Drama. Ação. Fantasia. Direção: Peter Jackson. Elenco: Martin Freeman, Ian Mckellen, Richard Armitage, Orlando Bloom, Bennedict Cumberbach. Duração: 161 min.