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Opiniões
#90 – O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug, USA, Nova Zelândia, 2013).
Por Marlon Fonseca
A trilogia Senhor
Dos Anéis é uma das obras mais aclamadas e premiadas do cinema (mostramos
nosso apreço pela obra aqui). Após sua
conclusão esperava-se ansiosamente pela adaptação do livro O Hobbit que mostra história anterior à “Guerra do Anel”.
Depois de um longo imbróglio jurídico pelos direitos da
obra e a troca no comando da direção (Guillermo Del Toro chegou a ser
contratado para dirigir, mas abandonou a produção que voltou para Peter
Jackson, diretor da trilogia do anel) a nova saga começou a tomar forma e estreou nos cinemas no ano passado.
E aí aconteceu a decisão, movida provavelmente por uma
ganância maior do que a do dragão vilão Smaug, em transformar essa adaptação,
também em uma trilogia. Ocorre que, diferente de “O Senhor dos Anéis” que é de
fato uma trilogia literária, ‘O Hobbit” é uma obra contida em apenas um livro.
Portanto, ao invés do processo de condensação feita na
trilogia anterior (muitíssimo bem feito, diga-se de passagem), nessa houve um expediente
de ampliação e adição de passagens e personagens para “garantir” os três
filmes.
Essa decisão foi visível no primeiro filme e bastante
prejudicial ao mesmo, tornando-o sem ritmo e desnecessariamente extenso. Ainda
que todas as demais qualidades da trilogia, que abalou o mundo há 10 anos,
estavam presentes, a impressão que ficou foi a de um filme “sem sal”. Um
verdadeiro pecado.
A aventura continua |
Outro aspecto dessa extensão da história é que o tom do
livro, um pouco mais ingênuo e infantil, ganha contornos mais sombrios se
adequando ao da trilogia do anel.
Agora chegamos à segunda parte da trilogia onde
continuamos acompanhando o jovem Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) ao lado de
Gandalf (Ian Mckellen) e uma trupe de anões comandada por Thorrin (Richard
Armitage) atrás do ouro e demais tesouros que se encontra na Montanha Solitária
onde habita o terrível dragão Smaug (voz e movimentos capturados de Bennedict
Cumberbach).
Aqui ainda enfrentamos os problemas impostos no primeiro
filme, mas dessa vez em menor quantidade sendo o resultado bastante superior. É
aqui que a história “engrena” de fato.
Mesmo que em seu início o problema de ritmo ainda exista
da sua metade para o seu final enxergamos uma melhoria considerável com um
clímax sensacional.
Esmero visual acentuado em 48 fps e 3D |
Como em toda obra de Tolkien valores como coragem, honra,
amizade, companheirismo são destacados. Mas, dessa vez, porém, em razão dos
inúmeros acréscimos e mudanças à obra original, são poucos os diálogos
inspirados e líricos de fato.
Dentre as adições feitas a este filme o destaque fica
pela presença de Legolas (Orlando Blom) e da elfa Tauriel (Evangeline Lilly), criada
exclusivamente para o filme e para adicionar um personagem feminino forte.
O longa contém cenas de ação bastante competentes e
algumas memoráveis como a fuga dos anões em barris e o duelo com o terrível
Smaug. Além de momentos genuínos de tensão como a batalha contra arranhas
gigantes e o encontro de Gandalf com um ser conhecido dos fãs.
Cenas de ação marcantes como a fuga dos barris... |
O filme foi assistido em sua resolução máxima com
velocidade à 48 fps (frames por segundo) e 3D. Essa filmagem em 48 quadrados
por segundo dobra o padrão atual de 24. Isso reflete na movimentação do filme
que se mostra bem mais realista. Os olhos mais treinados sentirão imediatamente
a diferença, mas, mesmo eles, poderão sentir um incômodo no início. Já o 3D,
assim, como na primeira parte, está muito bem utilizado agregando ainda mais
imersão á aventura na belíssima Terra Média.
Além desses esmeros técnicos continuamos a vislumbrar a
excelência na direção de arte, figurino e trilha sonora marcas registradas de
todas as adaptações de obras de Tolkien até então.
...e o confronto com Smaug |
O elenco continua dando muitíssimo bem conta do recado.
Os remanescentes da trilogia anterior continuam á vontade em seus marcantes
papeis. Já os “novatos” agregam qualidade como Martin Freeman excelente como
Bilbo e Richard Armitage como Thorin. O dração Smaug ganha contornos realísticos
e assustadores graças ao desempenho assustadoro de Bennedict Cumberbach (que
também empresta sua voz ao Necromance).
Sendo assim, a (forçada) trilogia do Hobbit começa, enfim
a ganhar força. O esmero técnico continua impecável e os problemas do primeiro
filme começam a ficar diluídos. Cenas de ação brilhantes, personagens
carismáticos e um clímax impecável fizeram muito bem a essa segunda parte como
um todo. Ano que vem veremos, finalmente, o resultado e consequência final da
ganância de Smaug e dos produtores dessa nova trilogia.
Nota: Não
percam uma aparição do diretor Peter Jackson logo no comecinho do filme.
Cotação:
8,5
Ficha
Técnica: O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug,
USA,
Nova Zelândia 2013). Aventura. Drama. Ação. Fantasia. Direção: Peter
Jackson. Elenco: Martin Freeman, Ian Mckellen, Richard Armitage, Orlando Bloom,
Bennedict Cumberbach. Duração: 161 min.