sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Crítica: Vampyr


O médico e o vampiro

Por Marlon Fonseca




Vampiros são das criaturas sobrenaturais e mitológicas mais populares e interessantes. Porém vêm sendo relegados com poucas obras recentes e, quando feitas, não muito lá agradáveis ou profundas. Vampyr, do estúdio dontnod, de jogos como Life Is Strange e Remember Me, vem na tentativa de preencher esse vácuo que se encontra ainda maior no mundo dos games

Ambientando em uma Inglaterra Vitoriana assolada por uma epidemia misteriosa acompanhamos o médico Jonathan Reid que, transformada em uma das criaturas, desperta para uma nova realidade tendo que entender e se acostumar com essa nova realidade enquanto envolve em uma teia de pessoas, mistério e situações.

Essa dicotomia entre médico e vampiro é extremamente essencial ao jogo seja no desenvolvimento do personagem e os questionamentos morais que o envolve, seja na estrutura de jogo.

Trata-se de um RPG de ação, com elementos de adventure em um mundo semi-aberto em um casamento harmonioso entre todos esses estilos.

O jogador basicamente pode seguir três caminhos e atitudes durante a história (que obviamente gerarão reações e finais distintos): respeitar o lado médico e humano e cuidar dos personagens sem sugar seus sangues, abraçar seu lado vampiro e fazer dos humanos “pontes” para se tornar um ser cada vez mais poderoso ou oscilar entre ambos os lados estabelecendo algum tipo de código moral decidindo quem poupar ou quem sacrificar ao longo da trajetória

Isso sem dúvidas é a coisa mais interessante que o jogo oferece. Para evoluir o personagem o que mais fornece XP é o sangue humano. Matar inimigos comuns, curar pacientes ou conversar com os habitantes por sua vez geram muito pouco. Ou seja, se o jogador deseja um personagem forte com uma gama maior de habilidades e poderes vai ter que sacrificar alguns incautos.



E dentro desse sistema há ainda a “saúde” dos 4 distritos no jogo. Quanto mais gente morta ou doente mais caótica fica a situação no local.
Para aumentar ainda mais a questão moral da coisa ao sacrificar um indivíduo ouve-se o seu último pensamento o que pode causar arrependimento, culpa ou até alívio por ter sacado aquela vida.

É um jogo que exige muito dos diálogos com os habitantes. Seja para conhece-los melhor, parasse aprofundar na história ou para prosseguir no jogo. Isso pode soar “chato” para alguns jogadores, mas no fundo é bem interessante
.
Nessa situação do jogo ele lembra bastante a árvore de diálogos dos jogos da Bioware.
Já no quesito de ação, ela se apresenta extremamente simples ainda que o jogo forneça 3 barras distintas (vida, sangue para os poderes especiais e vigor) e uma boa parcela de poderes desbloqueáveis.


Não se exige muita estratégia e poucas boss fights exigem um pouco mais de destreza. Não há uma variação de inimigos e os grupos estão sempre no mesmo lugar a cada noite. A jogabilidade é bem fácil e responsiva.

Ainda há, também, um leve elemento de busca de recursos seja para a melhoria das armas, seja na fabricação de remédios ou soros.

O mapa não é muito grande, nele existem esconderijos espalhados onde o personagem pode passar a noite e evoluir. Mesmo assim ele é em alguns momentos confuso de navegar podendo deixar o jogador perdido em algumas ocasiões. A ausência de fast travel começa a fazer a jogatina ficar cansativa da metade para final do jogo.


Em termos de áudio e visual trata-se de um jogo mediano. O destaque fica por conta da modelagem e visual dos personagens. Já os cenários e direção de arte ficam prejudicados pelo excesso de repetição de elementos. A trilha sonora é competente e sabe dar o clima necessário para o jogo e época em que ele passa.

Em termos gerais Vampyr entrega uma experiência e história vampiresca interessantes. Ao fazer de seu protagonista um médico ele soube trabalhar e trazer elementos morais tanto para a história como para jogabilidade. Ainda que soe um pouco mais repetitivo e cansativo quando caminha para a sua parte final, é definitivamente um jogo que possa merecer atenção aos ávidos por esse tipo de estilo ou universo.

Nota Geral: 8,0

Pontos positivos:
 -Casamento harmonioso entre RPG, Ação e Adventure
-História interessante
-Na pele de um méidco e um vampiro o dilema entre salvar e matar é constante.

Pontos negativos:
-Mapa confuso e um pouco repetitivo
-A necessidade excessiva de conversar com os habitante pode afastar os jogadores mais afoitos.


Ficha técnica:
Vampyr
Lançamento: 05 de Jumho de 2018
Gêneros: RPG, Ação, Adventure.
Plataformas: Xbox one, PS 4, PC. Testado em um Xbox one X