quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Opiniões # 2 - As Aventuras de Tintim


Opiniões # 2 – As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin, EUA, Bélgica e Nova Zelândia 2011)





            As Aventuras de Tintim é a adaptação cinematográfica dos quadrinhos criados pela belga Hergé e projeto pessoal de Steven Spielberg há décadas. Durante anos o diretor estudou a melhor forma de transpor ás telas as aventuras do jovem e intrépido repórter ao lado do seu inseparável cãozinho Milou. O projeto ganhou força de vez quando Spielberg arranjou uma parceria das mais qualificadas: Peter Jackson (diretor da Trilogia Senhor dos Anéis).
            O plano da dupla é fazer três filmes com Spielberg dirigindo o primeiro, Jackson o segundo e ambos trabalhando juntos no terceiro tendo sido escolhida para tanto a técnica de animação com captura de movimentos (vista em filmes como O Expresso Polar, A lenda De Beowulf e Fantasmas de Scrooge – todos dirigidos por Robert Zemeckis).
            Como primeiro filme da empreitada este tem a missão de apresentar ao público (que nunca leu as suas historias ou assistiu á sua série de animação) o personagem e impor a forma de como será retratado nas telas. O filme é uma junção de duas histórias: O Segredo do Licorne e O Tesouro de Rackham, o Terrível.
            O Resultado foi extremamente satisfatório. Trata-se de uma aventura divertidíssima em um ritmo constante que não deixa o espectador em momento algum respirar seja pela trama, ação ou humor.
            Tecnicamente o filme é impecável. A técnica utilizada no filme permite movimentações e expressões genuínas dos personagens eis que os mesmos são interpretados por atores de verdade (bons atores, diga-se de passagem) e a “liberdade” criativa de uma animação por computação de ponta. Em questão de minutos o espectador esquece estar assistindo á uma animação e se rende ás belíssimas imagens e ao ritmo do filme.  
            Os efeitos em três dimensões também são extremamente bem utilizados. Nada de objetos ou coisas sendo jogados “para fora da tela” de forma gratuita. O efeito aqui é utilizado para realçar a profundidade do filme tornando a experiência em assisti-lo mais imersiva.      
            A trama é repleta de ação e humor tratada num tom aventuresco que remete aos bons e antigos filmes de aventura de Spielberg (como nos três primeiros Indiana Jones, por exemplo) e agrada tanto aos adultos como ás crianças. Há espaço até mesmo para uma bem humorada auto-referência envolvendo o filme Tubarão.
            Há uma seqüência em especial que remete todo o aspecto falado até aqui e utiliza com maestria os movimentos, animação e o efeito em 3D. Em uma perseguição que começa com Tintm á bordo de uma moto e disputando com o vilão a posse de três importantes itens para a trama o diretor nos brinda com uma das mais fantásticas dos últimos tempos.
            Realizando a primeira parte do seu sonho Spielberg alcançou o seu objetivo. Apresentou o personagem  para quem não o conhecia e prestou um excelente tributo ao seu criador e aos fãs de longa data, deixando a todos a vontade de participar de novas aventuras ao lado de Tintim, Milou e seus carismáticos amigos.



Obs: O filme venceu o prêmio de melhor filme de animação no Globo de Ouro de 2011.



Cotação:  

Ficha técnica: As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin, EUA, Bélgica e Nova Zelândia 2011).Aventura. Direção: Seteven Spielberg. Elenco: Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig, Nick Frost, Simon Pegg, Toby Jones, Joe Starr, Mackenzie Crook, Cary Elwes.  Duração 107 minutos.
Lançamento: 20 de Janeiro no Brasil.


Marlon Fonseca

19 de Janeiro de 2012.

Opiniões #1 -Guerreiro

Opiniões # 1 – O Guerreiro (Warrior, EUA, 2011)





            O MMA (Mixed Martial Arts) vem crescendo em popularidade em todo o mundo, principal e atualmente aqui no Brasil, já superando o boxe nesse quesito.
            Agora, com esse filme, está iniciando a sua luta para abrir espaço também em outro quesito: o de dramas de esporte cinematográficos (esse sim ainda dominado pelo boxe com grandes filmes como Touro Indomável, Rocky e ,recentemente, O Vencedor).
            Apesar de não alcançar a excelência dos filmes citados, como uma primeira incursão no gênero há um resultado satisfatório ainda que tenha seus problemas.
            O filme conta a história de dois irmãos: um deles ex-fuzileiro naval que retorna do Iraque (vivido por Tom Hardy) que deseja ajudar a família de um amigo que morreu na guerra. O outro (interpretado por Joel Edgerton) um professor de Física casado e com filhas que tem que fazer “bico” em lutas no submundo para tentar pagar a hipoteca da casa.
            Ambos estão separados por problemas familiares, a grande maioria tendo sido aparentemente criados pelo pai ex-acóoloatra (Nick Nolte) e que também fora técnico dos dois quando crianças. Os problemas particulares que estão enfrentando no momento e a possibilidade de resolução dos mesmos através do prêmio de um grand prix fictício de MMA resultarão em um doloroso reencontro.
            Na primeira hora do filme somos apresentados aos personagens e seus dramas de forma bastante competente, pois o roteiro aos poucos vai nos apresentando tais situações. São pelos diálogos decorrentes dos encontros entre os personagens - principalmente os travados pelos irmãos e seu pai-que vamos entendendo o porquê e os motivos que levaram á tal separação.
            A segunda parte já é relativa á participação do torneio em si e é nela que residem os maiores problemas do filme.
            Em primeiro lugar toda aquela forma de contar de forma bem construída a história vista na primeira parte é esquecida pelo diretor e co-roteirista do filme Gavin O,Connor que passa a incluir situações que beiram á caricatura apenas para dar mais emoção porém sem a menor verossimilhança  como por exemplo o fato “do nada” na platéia surgirem dezenas de fuzileiros navais cantando para torcer e apoiar pelo seu companheiro. (Eu fiquei me perguntando o que fizeram com as pessoas que pagaram seus ingressos e foram retiradas do local. Sim, pois o filme apresenta tal torneio como algo nunca visto no mundo do MMA o que supõe que todos os ingressos já estavam esgotados semanas antes de seu início).
             Outra situação incômoda foi quando antes da grande final do torneio se descobre “uma verdade” sobre o irmão fuzileiro onde se faz um alarde superficial e até sem sentido e a questão que realmente poderia gerar comoção e ser explorada pela imprensa é sumariamente ignorada.
            Já no aspecto cenas de luta aqui o filme peca um pouco também por apresentar coreografias repetidas e com pouca emoção apesar de serem muito bem coreografadas.
            Enfim, como um legítimo “drama de esporte” o filme se sustenta melhor como drama (ainda que escorregando na sua segunda metade) do que como esporte e deixa um subtexto bacana: a dor psicológica que ganhamos nas lutas da vida é muito mais difícil de cicatrizar do que as adquiridas no octógono.

Cotação: 


Ficha Técnica: Guerreiro (The Warrior). USA, 2011. Drama Direção: Gavin O´Connor. Elenco: Tom Hardy, Joel Edgerton, Nick Nolte e Jennifer Morrinson. Duração 138 min.
Data de Lançamento: 11 de Janeiro (Saiu direito em DVD/Blu-ray aqui no Brasil)
Trailer: 



Marlon Fonseca
18 de Janeiro de 2012.