...CINEMA
Opiniões #49 – Detona Ralph (Wreck it Ralph, USA, 2012).
Por Marlon Fonseca
Cinema e games vivem uma relação curiosa. São os maiores
postulantes em arrecadação no mundo do entretenimento, com maior vantagem para
o segundo atualmente, e vivem “bebendo da fonte” um do outro. Nessa geração de games atual, por exemplo,
observa-se claramente o cuidado na roteirização das histórias e nas cenas de
ação com cunho “hollywoodiano” (alguns jogos até superam os filmes nesse
quesito). Já o cinema ainda padece em criar adaptações cinematográficas dos
jogos (algo que já foi discutido aqui no blog[1]).
Mas foi com uma história ambientada no universo gamer, e em forma de homenagem que o
cinema melhor se fundiu com os games. Em “Detona
Ralph” o vilão Ralph (Dublado originalmente por John c. Reilly com a
competência habitual) do game “Conserta Felix”, no aniversário de 30 anos de
seu jogo, encontra-se cansado da eterna rotina de ser o indesejado antagonista.
Quer ser herói para variar, sair da rotina.
Ainda que simplória e nem tão bem desenvolvida assim,
observa-se na animação essa subtrama da fuga da rotina e da procura e aceitação
do seu lugar e espaço no mundo
.
Mas o que importa mesmo no filme são as
referências[2]
ao universo gamer. É onde ele brilha de fato e vai agradar principalmente aos
jogadores veteranos, os com mais de 30 anos de idade. Desde a ótima trilha
sonora remetendo aos “acordes” digitalizados comuns até a era 16 bits, seja nas
pontuais participações especiais de personagens conhecidos. Sem contar nas
expressões técnicas que permeiam esse universo (o bug, erro de programação em um jogo, é peça chave da trama).
O filme é dotado de referências e participações especiais do mundo dos games. |
O
maior problema do filme é quando passa essa fase da homenagem e referência e
entra na sua história de fato. Á partir daí cai muito o seu interesse, ritmo e
desenvolvimento só ganhando novamente força no seu final de arrancar lágrimas.
A
escolha em ambientar a maior parte da história em um só mundo/jogo em uma
espécie de “Mario Kart” em um mundo de doces é um pecado, deixando-se de lado
outros mundos e gêneros de jogos a serem explorados. Ainda que a interação
entre Ralph e sua nova amiga Vanellope (uma fofa) seja tocante e verdadeira, os
demais personagens criados para o jogo são esquecíveis.
A amizade de Ralph e Vanellope é outro ponto forte |
Outro
fato a se lamentar é que os efeitos em 3D poderiam e deveriam ser melhor
aproveitados e implementados. Estava aí uma animação que pedia isso, mas ficou
aquém das animações mais recentes (principalmente da ótima utilização no muito
bom A origem dos Guardiões)
Assim,
como paródia e homenagem Detona Ralph
é um primor. Como filme independente desses alicerces padece de um
desenvolvimento melhor em sua real história ao ponto de sua subtrama passar
despercebida a olhos menos atentos. Ralph, Vanellope o vasto mundo dos games
merecem ainda mais. Mas foi um bom começo. O resultado geral é um filme
agradável e divertido ainda que com sua quebra de ritmo. Que Detona Ralph 2 venha ainda melhor.[3]
Cotação:
7,5 / 10,00
Ficha
técnica: Detona Ralph (Wreck it Ralph,
USA, 2012). Com as vozes de John c. Reilly, Sarah Silverman, Jane Lynch.
Animação. 108 min.
Obs:
Não
deixem de assistir aos créditos finais onde aparecem os jogos que serviram de
homenagem e inspiração ao filme.