domingo, 6 de janeiro de 2013

...CINEMA. Opiniões #49 - Detona Ralph.


...CINEMA
Opiniões #49 – Detona Ralph (Wreck it Ralph, USA, 2012).
Por Marlon Fonseca


            Cinema e games vivem uma relação curiosa. São os maiores postulantes em arrecadação no mundo do entretenimento, com maior vantagem para o segundo atualmente, e vivem “bebendo da fonte” um do outro.  Nessa geração de games atual, por exemplo, observa-se claramente o cuidado na roteirização das histórias e nas cenas de ação com cunho “hollywoodiano” (alguns jogos até superam os filmes nesse quesito). Já o cinema ainda padece em criar adaptações cinematográficas dos jogos (algo que já foi discutido aqui no blog[1]).

            Mas foi com uma história ambientada no universo gamer, e em forma de homenagem que o cinema melhor se fundiu com os games. Em “Detona Ralph” o vilão Ralph (Dublado originalmente por John c. Reilly com a competência habitual) do game “Conserta Felix”, no aniversário de 30 anos de seu jogo, encontra-se cansado da eterna rotina de ser o indesejado antagonista. Quer ser herói para variar, sair da rotina.

            Ainda que simplória e nem tão bem desenvolvida assim, observa-se na animação essa subtrama da fuga da rotina e da procura e aceitação do seu lugar e espaço no mundo
.
 Mas o que importa mesmo no filme são as referências[2] ao universo gamer. É onde ele brilha de fato e vai agradar principalmente aos jogadores veteranos, os com mais de 30 anos de idade. Desde a ótima trilha sonora remetendo aos “acordes” digitalizados comuns até a era 16 bits, seja nas pontuais participações especiais de personagens conhecidos. Sem contar nas expressões técnicas que permeiam esse universo (o bug, erro de programação em um jogo, é peça chave da trama).


O filme é dotado de referências e participações especiais
do mundo dos games.

O maior problema do filme é quando passa essa fase da homenagem e referência e entra na sua história de fato. Á partir daí cai muito o seu interesse, ritmo e desenvolvimento só ganhando novamente força no seu final de arrancar lágrimas.

A escolha em ambientar a maior parte da história em um só mundo/jogo em uma espécie de “Mario Kart” em um mundo de doces é um pecado, deixando-se de lado outros mundos e gêneros de jogos a serem explorados. Ainda que a interação entre Ralph e sua nova amiga Vanellope (uma fofa) seja tocante e verdadeira, os demais personagens criados para o jogo são esquecíveis.


A amizade de Ralph e Vanellope é outro ponto forte

Outro fato a se lamentar é que os efeitos em 3D poderiam e deveriam ser melhor aproveitados e implementados. Estava aí uma animação que pedia isso, mas ficou aquém das animações mais recentes (principalmente da ótima utilização no muito bom A origem dos Guardiões)

Assim, como paródia e homenagem Detona Ralph é um primor. Como filme independente desses alicerces padece de um desenvolvimento melhor em sua real história ao ponto de sua subtrama passar despercebida a olhos menos atentos. Ralph, Vanellope o vasto mundo dos games merecem ainda mais. Mas foi um bom começo. O resultado geral é um filme agradável e divertido ainda que com sua quebra de ritmo. Que Detona Ralph 2 venha ainda melhor.[3]

Cotação: 7,5 / 10,00

Ficha técnica: Detona Ralph (Wreck it Ralph, USA, 2012). Com as vozes de John c. Reilly, Sarah Silverman, Jane Lynch. Animação. 108 min.

Obs: Não deixem de assistir aos créditos finais onde aparecem os jogos que serviram de homenagem e inspiração ao filme.




[1] http://blogdofalandode.blogspot.com.br/2012/06/adaptacoes-parte-3-dos-games-para-as.html
[2] A do cheat code clássico da Konami foi de arrancar lágrimas dos olhos de satisfação.
[3] Uma continuação já foi confirmada, inclusive com a participação de nada mais nada menos que o querido Mario.