sexta-feira, 24 de março de 2017

Crítica # 96- Power Rangers

Crítica # 96 - Power Rangers (Idem, EUA, 2017)

           
Seriado longilíneo que americanizou o conceito japonês de heróis e que fez parte da infância e adolescência de duas gerações tenta se reinventar e restabelecer agora como eventual franquia cinematográfica.[1]

Sua trama adapta e moderniza os eventos da primeira temporada onde cinco jovens adquirem superpoderes que o transformam em Power Rangers e comandado por Zordon tentam por fim á ameaça da temível, Rita Repulsa.

            Antes de tudo deve-se destacar o qual louvável o filme tenta em aprofundar e estabelecer conflitos e características em seus personagens. Jason e Kimberlr, rangers vermelho e rosa respectivamente, por exemplo, são os típicos rebeldes sem causa que desperdiçam seus potenciais. O azul, o verdadeiro coração do filme, tem problemas de autismo e sofre a perda do pai. Já o preto faz banca de engraçadinho mas tem um drama pessoal por traz enquanto a amarela sofre pressão familiar por não se adequar ao modelo de comportamento que eles pregam.

            Ancorados por um elenco de jovens eficiente e carismático e somados a esse tema o espectador realmente consegue simpatizar-se pelos personagens. A referência clara ao clássico clube do cinco e a lição de amizade completam esse arco.

            Mas, paralelamente, o filme reconhece o aspecto absurdo que o conceito de super sentai[2] obviamente possui e traz momentos mais bregas e as habituais piadinhas que o gênero de super heróis se obrigou a ter. Nesse quesito o ranger azul e o carismático alfa 5 são os que se saem melhores.

            O que incomoda de fato é a preguiça dos roteiristas em amarrar os principais eventos e acontecimentos do longa, utilizando o fator “coincidência” em demasia, o que empobrece lamentavelmente a trama.[3] Diálogos excessivamente expositivos também atrapalham a sua qualidade final.
Alpem de tudo uma jornada de descobertas

            Para encorpar o elenco e contrapor aos novatos, Bryan Cranston entrega um Zordon com modificações e questões próprias, além de trazer um background passado mais interessante e ligado a Rira Repulsa. A sequência que estabelece isso é uma das coisas mais sombrias que a marca já se permitiu ter. A vilã inclusive, vivida por uma Elizabeth Banks nitidamente se divertindo no papel, apesar de caricata, rende algumas cenas que casam com a linguagem do terror de forma interessante.

            E o filme, mesmo com os problemas de roteiro acima expostos, dá positivamente tempo necessário para tentar estabelecer universo e personagens, seguindo as regras habituais de um “filme de origem”, trazendo até momentos de treinamento dos personagens para desenvolver sua evolução como heróis. Mas, quando no terceiro ato os Rangers realmente tomam a tela para a batalha final, esta sai, apesar de bem feita e produzida[4], com menos emoção do que se esperava.


Morfados e prontos para a ação

            Mesmo assim no aspecto geral temos um filme divertido e que não aborrece ante um ritmo bem executado.

            Como filme de origem e na tentativa de tornar-se relevante e popular novamente Power Rangers no geral se sai de forma decente com um elenco carismático, produção bem cuidada e ritmo suficiente para soar divertido. Uma eventual sequência mais bem escrita e com cenas de ação mais bem trabalhadas e emocionantes pode sim elevar os personagens ao patamar que desejam.
               
Nota 7,0

PS: Atores do seriado clássico fazem participações especiais. Divirtam-se descobrindo.
PS2: Existe cena na metade dos créditos apontando para aonde a sequência quer ir.




Ficha Técnica: Power Rangers (Idem, EUA, 2017). Ação. Aventura. Direção: Dean Israelite. Elenco: Dacre Montogomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Ludy Lin, Becky G., Elizabeth Banks, Bryan Cranston. Duração 124 min.


Sobre o autor:
Marlon Fonseca, 38 anos, além de entusiasta e estudioso do assunto, está se graduando em Jornalismo e fez cursos de cinema entre eles de linguagem e crítica cinematográfica com o crítico Pablo Villaça,




[1] Segundo os produtores há um arco definido de no mínimo seis filmes.
[2] Nome dado a esse tipo de seriado japonês de super equipes enfrentando monstros.
[3] SPOILERS – como exemplos o fato de o corpo de rita repulsa ter sido justamente encontrado quando os jovens encontram as moedas do poder. A forma como eles descobriram a nava de zordon também segue esse caminho do acaso oportuno. Dentre outros.
[4] . O diretor Dean Israelite que já havia trabalhado com ficção científica e adolescentes no bom Projeto Almanaque foi o escolhido para comandar o filme.