Crítica # 96 - Power Rangers (Idem, EUA, 2017)
Sua
trama adapta e moderniza os eventos da primeira temporada onde cinco jovens
adquirem superpoderes que o transformam em Power
Rangers e comandado por Zordon tentam por fim á ameaça da temível, Rita
Repulsa.
Antes de tudo deve-se destacar o qual louvável o filme
tenta em aprofundar e estabelecer conflitos e características em seus
personagens. Jason e Kimberlr, rangers vermelho e rosa respectivamente, por
exemplo, são os típicos rebeldes sem causa que desperdiçam seus potenciais. O
azul, o verdadeiro coração do filme, tem problemas de autismo e sofre a perda
do pai. Já o preto faz banca de engraçadinho mas tem um drama pessoal por traz
enquanto a amarela sofre pressão familiar por não se adequar ao modelo de
comportamento que eles pregam.
Ancorados por um elenco de jovens eficiente e carismático
e somados a esse tema o espectador realmente consegue simpatizar-se pelos
personagens. A referência clara ao clássico clube
do cinco e a lição de amizade completam esse arco.
Mas, paralelamente, o filme reconhece o aspecto absurdo
que o conceito de super sentai[2]
obviamente possui e traz momentos mais bregas e as habituais piadinhas que o
gênero de super heróis se obrigou a ter. Nesse quesito o ranger azul e o
carismático alfa 5 são os que se saem melhores.
O que incomoda de fato é a preguiça dos roteiristas em
amarrar os principais eventos e acontecimentos do longa, utilizando o fator
“coincidência” em demasia, o que empobrece lamentavelmente a trama.[3]
Diálogos excessivamente expositivos também atrapalham a sua qualidade final.
Alpem de tudo uma jornada de descobertas |
Para encorpar o elenco e contrapor aos novatos, Bryan
Cranston entrega um Zordon com modificações e questões próprias, além de trazer
um background passado mais interessante e ligado a Rira Repulsa. A sequência
que estabelece isso é uma das coisas mais sombrias que a marca já se permitiu
ter. A vilã inclusive, vivida por uma Elizabeth Banks nitidamente se divertindo
no papel, apesar de caricata, rende algumas cenas que casam com a linguagem do
terror de forma interessante.
E o filme, mesmo com os problemas de roteiro acima
expostos, dá positivamente tempo necessário para tentar estabelecer universo e
personagens, seguindo as regras habituais de um “filme de origem”, trazendo até
momentos de treinamento dos personagens para desenvolver sua evolução como
heróis. Mas, quando no terceiro ato os Rangers
realmente tomam a tela para a batalha final, esta sai, apesar de bem feita e
produzida[4],
com menos emoção do que se esperava.
Morfados e prontos para a ação |
Mesmo assim no aspecto geral temos um filme divertido e
que não aborrece ante um ritmo bem executado.
Como filme de origem e na tentativa de tornar-se
relevante e popular novamente Power
Rangers no geral se sai de forma decente com um elenco carismático,
produção bem cuidada e ritmo suficiente para soar divertido. Uma eventual
sequência mais bem escrita e com cenas de ação mais bem trabalhadas e
emocionantes pode sim elevar os personagens ao patamar que desejam.
Nota 7,0
PS: Atores do seriado clássico fazem participações
especiais. Divirtam-se descobrindo.
PS2: Existe cena na metade dos créditos apontando para aonde
a sequência quer ir.
Ficha Técnica: Power
Rangers (Idem, EUA, 2017). Ação. Aventura. Direção: Dean
Israelite. Elenco: Dacre
Montogomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Ludy Lin, Becky G., Elizabeth Banks, Bryan
Cranston. Duração 124 min.
Sobre o autor:
Marlon Fonseca, 38 anos, além de entusiasta e
estudioso do assunto, está se graduando em Jornalismo e fez cursos de cinema
entre eles de linguagem e crítica cinematográfica com o crítico Pablo Villaça,
[1]
Segundo os produtores há um arco definido de no mínimo seis filmes.
[2]
Nome dado a esse tipo de seriado japonês de super equipes enfrentando monstros.
[3]
SPOILERS – como exemplos o fato de o corpo de rita repulsa ter sido justamente
encontrado quando os jovens encontram as moedas do poder. A forma como eles
descobriram a nava de zordon também segue esse caminho do acaso oportuno. Dentre
outros.
[4] . O diretor Dean
Israelite que já havia trabalhado com ficção científica e adolescentes no bom Projeto Almanaque foi o escolhido para
comandar o filme.