quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

...CINEMA. Opiniões #11 - A Dama de Ferro


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Opiniões #11 – A Dama de Ferro (The Iron Lady, Reino Unido, USA 2011)
Por Marlon Fonseca




            A Dama de Ferro traz duas forças femininas em seu conjunto. A Biografia com toques ficcionais sobre a vida da ex-Primeira Ministra Britânica Margareth Tacher é um retrato de dois talentos femininos únicos.

            Margaret Tatcher foi uma pioneira em sua área. Atuando em um ramo predominantemente masculino na sua época, galgou com luta e determinação seus espaços até alcançar o posto então inédito para uma mulher, a de Primeira-Ministra da Inglaterra. Sua postura inflexível e algumas de suas polêmicas medidas ao longo de mais de 10 anos no cargo renderam o apelido que dá nome ao filme.

            Já a atriz americana Meryl Streep, sua interprete, é considerada com razão uma das maiores atrizes de todos os tempos. Suas 17 indicações e 2 Vitórias no Oscar, além de outras dezenas de premiações, comprovam tal assertiva.

            A união de ambos os talentos com Streep interpretando a ex-Primeira Ministra gerou grande expectativa por parte do público. O Resultado, porém, é aquém á qualidade de ambas.

            O Filme, alternando entre flashbacks e supostos momentos da vida atual da política, é realizado de forma bastante superficial, apresentando-se mais como uma sucessão de passagens sobre a vida da cinebiografada do que uma obra mais coesa sobre a sua vida, motivações e relacionamentos.

            Além disso, utiliza-se de um estranho e errôneo recurso ao apresentá-la, nas seqüências passadas nos tempos atuais, atormentada pela “assombração” de seu falecido marido (Jim Broadbent) numa tentativa ridícula de reforçar a sua fragilidade diante do Alzheimer que a acomete. Tais seqüências, diga-se de passagem, ocupam boa parte do filme o que contribui não somente para o desnivelamento do tom como no empobrecimento da narrativa.

            Imune a esses defeitos, Streep apresenta uma atuação formidável e torna-se o verdadeiro interesse do longa. Sua composição completa e complexa de Tachter vai desde os gestos á entonação de voz e postura. Trabalho impecável que provável e merecidamente lhe dará seu terceiro Oscar.

            Se salva, também, a maquiagem que ao contrário do visto recentemente em J. Edgar[1], está extremamente competente e ajuda na composição e no trabalho de Streep para dar vida á Tacher em vários momentos de sua vida.

            Duas seqüências que merecem atenção e que se sobressaem ás demais. A do primeiro dia que Tatcher ainda jovem ingressa ao parlamento mostrando em cenas rápidas e ritmo ágil como aquele ambiente não estava preparado para a incursão de uma mulher e a de um atentando em um hotel realizada com grande apuro técnico.

            Por tratar-se de uma biografia extremamente superficial e ao perder tempo demais com a vida atual da biografa ao invés de focar na sua proeminente e extensa carreira política, o filme só desperta interessa de fato pelo exuberante desempenho de sua intérprete.



Cotação: 

           
Ficha Técnica: A Dama de Ferro (The Iron Lady, Reino Unido, USA, 2011). Drama. Cnebiografia. Direção: Phyllida Loyde. Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Alexandra Roach. Duração: 100 min.