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Opiniões #11 – A Dama de Ferro (The Iron Lady, Reino Unido, USA 2011)
Por Marlon Fonseca
A Dama de Ferro traz duas forças
femininas em seu conjunto. A Biografia com toques ficcionais sobre a vida da
ex-Primeira Ministra Britânica Margareth Tacher é um retrato de dois talentos
femininos únicos.
Margaret
Tatcher foi uma pioneira em sua área. Atuando em um ramo predominantemente
masculino na sua época, galgou com luta e determinação seus espaços até
alcançar o posto então inédito para uma mulher, a de Primeira-Ministra da Inglaterra.
Sua postura inflexível e algumas de suas polêmicas medidas ao longo de mais de
10 anos no cargo renderam o apelido que dá nome ao filme.
Já
a atriz americana Meryl Streep, sua interprete, é considerada com razão uma das
maiores atrizes de todos os tempos. Suas 17 indicações e 2 Vitórias no Oscar,
além de outras dezenas de premiações, comprovam tal assertiva.
A
união de ambos os talentos com Streep interpretando a ex-Primeira Ministra
gerou grande expectativa por parte do público. O Resultado, porém, é aquém á
qualidade de ambas.
O
Filme, alternando entre flashbacks e
supostos momentos da vida atual da política, é realizado de forma bastante
superficial, apresentando-se mais como uma sucessão de passagens sobre a vida
da cinebiografada do que uma obra mais coesa sobre a sua vida, motivações e
relacionamentos.
Além
disso, utiliza-se de um estranho e errôneo recurso ao apresentá-la, nas
seqüências passadas nos tempos atuais, atormentada pela “assombração” de seu falecido
marido (Jim Broadbent) numa tentativa ridícula de reforçar a sua fragilidade
diante do Alzheimer que a acomete. Tais seqüências, diga-se de passagem, ocupam
boa parte do filme o que contribui não somente para o desnivelamento do tom
como no empobrecimento da narrativa.
Imune
a esses defeitos, Streep apresenta uma atuação formidável e torna-se o
verdadeiro interesse do longa. Sua composição completa e complexa de Tachter
vai desde os gestos á entonação de voz e postura. Trabalho impecável que provável
e merecidamente lhe dará seu terceiro Oscar.
Se
salva, também, a maquiagem que ao contrário do visto recentemente em J. Edgar[1],
está extremamente competente e ajuda na composição e no trabalho de Streep para
dar vida á Tacher em vários momentos de sua vida.
Duas
seqüências que merecem atenção e que se sobressaem ás demais. A do primeiro dia
que Tatcher ainda jovem ingressa ao parlamento mostrando em cenas rápidas e
ritmo ágil como aquele ambiente não estava preparado para a incursão de uma
mulher e a de um atentando em um hotel realizada com grande apuro técnico.
Por
tratar-se de uma biografia extremamente superficial e ao perder tempo demais
com a vida atual da biografa ao invés de focar na sua proeminente e extensa carreira
política, o filme só desperta interessa de fato pelo exuberante desempenho de
sua intérprete.
Cotação:
Ficha Técnica: A Dama de Ferro (The Iron Lady, Reino Unido, USA, 2011).
Drama. Cnebiografia. Direção: Phyllida Loyde. Elenco: Meryl Streep, Jim
Broadbent, Alexandra Roach. Duração: 100 min.
[1] Conforme
falado no Opiniões #05 - http://blogdofalandode.blogspot.com/2012/02/opinioes-05-j-edgar.html