Opiniões # 95 – Ben-Hur (2016)
Por Marlon Fonseca
O
clássico Bem-Hur de 1959, além de ser uma das melhores e mais premiada obras do
cinema (venceu 11 oscars e muitos outros prêmios) ainda guarda uma
característica rara: a atemporalidade.
Principalmente
por esse aspecto, o anuncio de uma refilmagem soou como algo desnecessário e imotivado.
Mas, tendo em vista seu lançamento, a proposta aqui não vai ser a comparação entre ambas e sim a análise
dessa versão de forma isolada.
Na história desse épico-religioso, ambientada
no conturbado período do império romano, acompanhamos Judah Bern-Hur e seu
irmão adotivo Messala que mesmo amigos tomam caminhos e ideologias diferentes
que resultam em um inevitável e doloroso embate. Paralelamente, certo filho de
carpinteiro começa a despertar a atenção com suas mensagens e posturas
pacifistas.
O filme padece de
problema de ritmo e superficialidade contundentes. O primeiro ato e o final do terceiro são
apressados, acelerando a introdução e encerramento e ainda utilizando narrações
expositivas desnecessárias para situar o publico.
Além disso, não consegue
passar emoção e empatia em quase nenhum momento reflexo do problema citado
acima. Os percalços do protagonista são raramente sentidos de fato.
A questão religiosa é
tratada com sutileza, pena que sua conclusão é apressada.
Figurino e direção de
arte oscilam entre a beleza, a simplicidade e a artificialidade.
O diretor russo Timur
Bekmambetov (de “Procurado” e “Guardiões da noite”), que geralmente usa
artifícios exagerados, aqui apresenta uma direção eficiente com o material q
tem em mãos, observada, sobretudo, na excelente sequência do navio escravo
inclusive com enquadramentos bastante interessantes dando o ar de sufocamento
que o local e situação oferecem. Já a corrida das bigas, onde todo o material promocional
do filme se escorou, é boa mas longe de ser marcante.
Do elenco destaque para
Toby Kebell com o vilão Messala Severus que é o único personagem que teve algum
tipo de desenvolvimento, aprofundamento e motivação mais definidas. Os
demais são prejudicados pela superficialidade do roteiro em especial Rodrigo
Santoro que teve ser arco mal aproveitado.
Assim, Bem-Hur desperdiça
a história poderosa que tem em mãos em razão de sua falta de aprofundamento e
desenvolvimento melhor de trama e personagens, restando apenas ser um filme
divertido de se ver, porém esquecível logo em seguida.
Cotação: 6,5
Ficha Técnica: Bem-Hur.
Ação, aventura, épico-religioso. Direção: Timur Bekmambetov. Elenco: Jack
Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniardi, Ayelet Zurer, Moragn
Freeman. Duração: 125 min.