terça-feira, 2 de julho de 2013

...CINEMA.Opiniões #75 - O Homem de Aço

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Opiniões # 75 – O Homem de Aço (The Man of Steel, USA, 2013)
Por Marlon Fonseca

            O Homem de Aço marca o retorno do Superman aos cinemas trazendo um novo tom ao personagem nas mãos da mesma equipe que brilhou na trilogia O Cavaleiro das Trevas.

            Trata-se de um reinício e uma nova roupagem ao “primeiro dos super heróis” onde acompanhamos o jovem Clark Kent (Henry Cavill) tentando encontrar sua posição no mundo ante as qualidades únicas que possui. Quando uma ameaça de seu extinto planeta natal vem à Terra ele finalmente percebe para que fora destinado.

            Sem a menor sombra de dúvidas é no aspecto intimista e contemplativo que o filme tem de melhor. David Goyer e Cristopher Nolan (que aqui assume a função de co-roterista e produtor) mais uma vez acertam a essência de um super herói e o adaptam a partir dela.

            Ciente da sua condição de alienígena e do que pode representar seus poderes, Clark percorre o mundo em busca de respostas não conseguindo saber onde se encaixar em um planeta que não é seu. O paralelo a Jesus Cristo e ao seu caráter messiânico, outro ponto forte da mitologia do herói, também é claramente enfocado.
Um herói contemplativo e solitário buscando seu lugar

            Outro aspecto importantíssimo e muito bem desenvolvido no roteiro é a forma que seus pais, tanto os biológicos como adotivos, moldaram seu caráter. Os diálogos frequentes com ambos ao longo de todo o filme são emblemáticos. Para isso as presenças e atuações de Kevin Costner como Jonathan Kent e Russel Crowe como Jor El foram acertadíssimas. São responsáveis pelos momentos mais tocantes do longa.

            Mesmo sendo o mais realista possível, o filme também expande a mitologia de Krypton não somente no interessante prólogo que a apresenta, mas em tudo que se segue na trama e provavelmente continuará nas sequências.
Os ensinamentos paternos como essenciais para a formação do caráter

             O aspecto mais incômodo da trama foi a mudança da dinâmica entre Clark e Lois o que acabou por enfraquecer demais o aspecto romântico que o personagem sempre carregou. Se nos atentarmos para a trilogia do Batman notaremos que realmente esse aspecto também fora diligenciado por Nolan. Assim, a icônica personagem ganha outra importância valorizando a sua intérprete, a sempre ótima Amy Adams, ainda que seja exatamente com ela onde ocorrem as maiores forçadas de barra do roteiro.[1]
Mudança na dinãmica entre Clark e Lois pode incomodar

            Zack Snyder, que já apresentará excelentes trabalhos no gênero com 300 e Watchmen, foi o escolhido para a direção e não decepciona. Mesmo apresentando a direção mais “convencional” de sua carreira, abandonando o seu estilo característico, se sai muito bem tanto nas sequências dramáticas quanto nas de ação.

            Estas últimas, aliás, são excepcionais e muitíssimo bem executadas, numa escala de grandiosidade incomparável, trazendo ao personagem um nível de ação nunca apresentado em suas outras encarnações cinematográficas. A brutal batalha final está entre umas das sequências mais bacanas do gênero[2].

A trilha sonora de Hans Zimmer pode não ser icônica como a de John Wiiliams, nem mesmo repetir a sua própria excelência como fora seu trabalho nos filmes do Batma, mas é interessante e bonita.
A escala de ação é grandiosa

A atuação de Henry Cavill, que por muitos anos viu seu nome cotado para ostentar o manto do herói e precisa. Sua versão do personagem é mais sisuda, contida, séria e até mesmo sofrida. Ele, assim, consegue passar a densidade desenvolvida para essa nova visão do Superman.

Do outro lado da moeda, temos Michael Shannon (que havia brilhado em dois personagens surtadíssimos nos ótimos O Abrigo e Possuídos) apresentando sua faceta de vilão com um General Zod frio, determinado e insano. Reflexo dos tempos atuais o personagem é apresentado como um sujeito que faz de todo para defender seu povo nem que tenha que destruir outro para isso. Seu braço direito, Faora (Antje Traue) tem bons momentos e apresenta ainda mais frieza e crueldade do que seu comandante. O elenco de apoio é tão qualificado que ainda temos Laurence Fishburne como Perry White.
Michael Shannon e seu obcecado Zod

Assumidamente a Warner pretende fazer com que O Homem de Aço seja o pontapé inicial para o inevitável encontro dos heróis DC em um filme da Liga da Justiça[3]. Algumas referências a este universo de fato estão presentes, ainda que discretas, e procura-las vai ser um passatempo a mais para os fãs. E muita coisa do próprio cânone do herói foi deixada para a confirmada sequência.

Marcando o retorno de um ícone e estabelecendo caminhos para sua futura reunião com os demais colegas de Liga, O Homem de Aço não decepciona. Ganha muitos pontos pelo caráter intimista e contemplativo no qual apresenta o personagem o honrado e o densificando. As cenas de ação extremamente bem feitas farão o público delirar, pois o colocam em ação de forma nunca apresentada no cinema e que certamente fará o público delirar.

Cotação: 9,0

Ficha técnica: O Homem de Aço (The Man of Steel, USA, 2013). Ação. Aventura. Drama. Direção: Zack Snyder. Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Kevin Costner, Russel Crowe, Laurence Fishburne. Duração: 143 min.





[1] Em um dado momento Zod chama Lois para ingressar em sua nave sem motivo algum, mas que acaba sendo importante para a personagem descobrir informações importantes.
[2] E a destruição gerada por ela consegue superar a vista em Os Vingadores e até mesmo nos Transformers de Michael Bay.
[3] Na verdade a Warner já fizera isso em Lanterna Verde, mas o fracasso de público e crítica do filme o levaram a ser ignorado e o estúdio ainda não sabe o que fazer com o personagem.