...CINEMA
Opiniões # 59 Os Miseráveis (Les Miserables, USA, 2012).
Por Marlon Fonseca
Na esteira da revitalização do gênero musical que vem
sendo feito anualmente por Hollywood era chegada a hora de apresentar ao mundo
uma adaptação suntuosa da obra.
Em sua trama acompanhamos a trajetória de Jean Valjean
(Hugh Jackman), dentre os períodos históricos na França da Batalha de Waterloo
(1815) e os motins de Junho de 1932, e seus encontros com a sofrida Fantim
(Anne Hathaway), sua filha Cosette (Isabelle Allen e Amanda Seinfried), o jovem
Marius (Eddie Redmayne) e o temível e obstinado Inspetor Javert (Russel Crowe).
Trata-se de uma história densa e emocional, onde os
personagens passam toda a sorte de sofrimentos e indagações morais sobre suas
condutas e sentimentos.
Os personagens sofrem fisica, emocional e moralmente |
Em termos de produção temos algo impecável. Direção de
arte, figurinos, maquiagem e elenco do mais altíssimo nível e refinamento.
Bastante
seguro após o oscar por O discurso do Rei,
o diretor Tom Hooper tomou decisões criativas que caracterizaram ainda mais o
filme e o seu trabalho.
A primeira delas foi o fato de que os atores não se
utilizam de playback nas cenas de cantoria. Esse aspecto trouxe mais realismo
ás cenas e abrilhantou ainda mais o trabalho dos atores.
A utilização de close excessivos em momentos chaves
também destacou o trabalho do elenco em detrimento da grandiosidade de seus
cenários. Para compensar, o diretor alterna entre ângulos belíssimos em
determinadas cenas e ainda abre o longa com um travelling espetacular.
O diretor apresenta enquadramentos elegantes... |
O filme como um todo é espetacular, mas possui cenas que
entraram para a história do cinema. O que dizer do estupendo e premiadíssimo desempenho
de Anne Hathway cantando visceralmente I
Dreamed a Dream?[1]
Anne impressiona e comove em I dreamed a dream |
A sequência em que o povo se encontra na rua iniciando o
motim ao som de do you hear your people
sing?[2] é grandiosa e emocional. A
saudação do inspetor Javert a um corajoso rival. Além do final do filme,
lindíssimo e emocionante.
Além de Hatwhay todo o elenco dignifica a obra. A atuação
perfeita de Hugh Jackman não surpreende. O Ator está muito longe de ser apenas
o Wolverine. Para quem não sabe, Jackman já atuou em outros musicais na
Broadway e em sua terra natal a Austrália, ganhando, inclusive premiações por
isso. Russel Crow, por sua vez, é o que mais alterna irregularidade. Em alguns
momentos do filme percebe-se o esforço que ele faz para cantar. Mesmo assim,
seu Inspetor Javert consegue ser marcante.
Do elenco mais jovem, Eddie Redmayne (que já havia se
saído bem em Sete dias Com Marilyn) se mostra afiadíssimo e afinadíssimo como
Marius. Amanda Seyfried, que ganhou fama com o musical Mamma Mia tem pouco
tempo de tela, mas se sai bem. A jovem Samantha Barks que já havia interpretado
a apaixonada Éponine em um especial, repete sua ótima performance.
Complementando o elenco. Sacha Baron Cohen e Helena Bohan
Carter[3], repetem a “parceria” no
Sweeny Tood de Tim Burton, como um casal trambiqueiro. E não tem como não se
emocionar com o corajoso menino Gravoche de Daniel Huttlestone.
A produção é suntuosa |
Além da irregularidade de Crowe, o que podemos destacar
como negativo do filme, é a queda ocasional em seu ritmo em determinados
momentos. Mas nada, nada que possa deturpar a grandiosidade que o filme
alcança.
Uma bela história de sofrimento, amor, redenção, repleta
de cenas emblemáticas e belas canções. Um filme que honra a todos os talentos
envolvidos, a obra que adapta e ao gênero que representa.
Cotação:
9,5
Ficha Técnica: Os Miseráveis (Les Miserables, USA, 2012).
Musical. Direção: Tom Hooper. Elenco:
Hugh Jackman, Anne Hathway, Russel Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Samantha
Barks,Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Duração: 158 min.
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Elenco
no Oscar 2013.
Conforme já falado em nossa cobertura do Oscar desse ano[4], houve uma ato em
homenagem aos musicais e apresentação do elenco de Os Miseráveis foi um dos
pontos altos da noite: