...CINEMA
Opiniões #13 – Poder sem limites (Chronicle, USA 2012)
Por Marlon Fonseca.
No
opiniões # 06 referente ao filme Filha do
Mal[1] já
foi discorrido sobre os filmes do gênero
conhecido como “falso documentário” ou “filmagem encontrada” e as regras que
seus realizadores parecem ter criado para ele e de como engessaram este tipo
de filme, salvo raras exceções.
Poder sem Limites, felizmente foge á
regra e dá um passo á frente em termos de qualidade, inovando não somente este
gênero, mas também o de “filme de Super-heróis”.
O
filme acompanha três jovens rapazes que, ao se depararem com um artefato misterioso
adquirem super poderes, precisando lidar com as conseqüências de seu uso.
A
trama se desenvolve com calma, sem pressa, apresentando os personagens e pontuando
os momentos de descobrimento e desenvolvimento dos poderes paralelo á amizade
que cresce entre eles. Merece destaque importante que todos eles possuem um
background emocional, principalmente Andrew que se sente á margem da sociedade
sofrendo com os abusos dos colegas da escola, vivendo sem amigos, com sua mãe
muito doente e com um relacionamento terrível com seu agressivo pai.
O elenco,
propositalmente desconhecido para auxiliar na sensação documental e dar um tom
mais “realista”, se sai muito bem. Todos os três jovens estão bem em seus
papeis indo do deslumbramento ao descobrir seus novos poderes á seriedade e
desespero após conseqüências mais desastrosas. A tarefa mais difícil com
certeza foi de Dane Dehann que interpreta Andrew que, conforme citado acima,
possui um caráter emocional mais forte. Vendo nos poderes e amigos recém
adquiridos a tábua de salvação da sua vida ele pode estar na verdade a perder-se
de vez.
Desta
forma, e em razão da atenção ao desenvolvimento da trama e personagens o
resultado é um filme extremamente bem realizado e não soa forçado em nenhum
momento. E, felizmente, ele não cai na armadilha de seus “colegas” de gênero
que costumam apresentar finais abruptos e terminar de “qualquer maneira”. Ao seu final, percebe-se que todas as conseqüências ocorridas foram em razão
de todos os acontecimentos apresentados anteriormente.
Os
efeitos especiais são de uma competência ímpar[2],
sendo utilizados com parcimônia e para compor o tom realista desejado na
história. O clímax é fantástico e muito bem feito.
Ponto
positivo também para o estreante diretor Josh Trank que segura as rédeas muito
bem e utiliza todos os bem apresentados elementos do filme á seu favor. Não é a
toa que seu nome anda cotado para o reinício e revitalização do Quarteto Fantástico nos cinemas.
O
que pode incomodar um pouco o espectador é a necessidade de os personagens
estarem sempre filmando os acontecimentos mostrados. Mas isso é característico
dos filmes do gênero e aqui é atenuada com a utilização dos mais variados meios
de gravação, ampliando, assim, a visão dos acontecimentos.
Poder sem limites, então, é um grande trunfo, que vai muito além de ser apenas um bem feito filme de super heróis ou
de “filmagem encontrada”. É a história da construção e desconstrução de
amizades e da lição de que não é o poder que faz o homem e sim a forma de que
ele o utiliza.
Cotação:
Ficha Técnica: Poder Sem Limites
(Chronicle, USA, 2012). Ação. Direção: Josh Trank. Elenco: Michael B. Jordan, Michael Kelly, Dane
DeHaan e Ashley Hinshaw. Duração: 84 min.