sexta-feira, 2 de março de 2012

Opiniões #13 - Poder Sem Limites


...CINEMA
Opiniões #13 – Poder sem limites (Chronicle, USA 2012)
Por Marlon Fonseca.


                 No opiniões # 06 referente ao filme Filha do Mal[1] já foi  discorrido sobre os filmes do gênero conhecido como “falso documentário” ou “filmagem encontrada” e as regras que seus realizadores parecem ter criado para ele e de como engessaram este tipo de filme, salvo raras exceções.

            Poder sem Limites, felizmente foge á regra e dá um passo á frente em termos de qualidade, inovando não somente este gênero, mas também o de “filme de Super-heróis”.

            O filme acompanha três jovens rapazes que, ao se depararem com um artefato misterioso adquirem super poderes, precisando lidar com as conseqüências de seu uso.

            A trama se desenvolve com calma, sem pressa, apresentando os personagens e pontuando os momentos de descobrimento e desenvolvimento dos poderes paralelo á amizade que cresce entre eles. Merece destaque importante que todos eles possuem um background emocional, principalmente Andrew que se sente á margem da sociedade sofrendo com os abusos dos colegas da escola, vivendo sem amigos, com sua mãe muito doente e com um relacionamento terrível com seu agressivo pai.

O elenco, propositalmente desconhecido para auxiliar na sensação documental e dar um tom mais “realista”, se sai muito bem. Todos os três jovens estão bem em seus papeis indo do deslumbramento ao descobrir seus novos poderes á seriedade e desespero após conseqüências mais desastrosas. A tarefa mais difícil com certeza foi de Dane Dehann que interpreta Andrew que, conforme citado acima, possui um caráter emocional mais forte. Vendo nos poderes e amigos recém adquiridos a tábua de salvação da sua vida ele pode estar na verdade a perder-se de vez.

            Desta forma, e em razão da atenção ao desenvolvimento da trama e personagens o resultado é um filme extremamente bem realizado e não soa forçado em nenhum momento. E, felizmente, ele não cai na armadilha de seus “colegas” de gênero que costumam apresentar finais abruptos e terminar de “qualquer maneira”. Ao seu final, percebe-se que todas as conseqüências ocorridas foram em razão de todos os acontecimentos apresentados anteriormente.

            Os efeitos especiais são de uma competência ímpar[2], sendo utilizados com parcimônia e para compor o tom realista desejado na história. O clímax é fantástico e muito bem feito.

            Ponto positivo também para o estreante diretor Josh Trank que segura as rédeas muito bem e utiliza todos os bem apresentados elementos do filme á seu favor. Não é a toa que seu nome anda cotado para o reinício e revitalização do Quarteto Fantástico nos cinemas.

            O que pode incomodar um pouco o espectador é a necessidade de os personagens estarem sempre filmando os acontecimentos mostrados. Mas isso é característico dos filmes do gênero e aqui é atenuada com a utilização dos mais variados meios de gravação, ampliando, assim, a visão dos acontecimentos.

            Poder sem limites, então, é um grande trunfo, que vai muito além de ser apenas um bem feito filme de super heróis ou de “filmagem encontrada”. É a história da construção e desconstrução de amizades e da lição de que não é o poder que faz o homem e sim a forma de que ele o utiliza.


Cotação:


Ficha Técnica: Poder Sem Limites (Chronicle, USA, 2012). Ação. Direção: Josh Trank. Elenco: Michael B. Jordan, Michael Kelly, Dane DeHaan e Ashley Hinshaw. Duração: 84 min.