...CINEMA
Opiniões #10 – A Invenção de Hugo
Cabret 3D (Hugo, USA, 2011)
Por Marlon Fonseca
Aos
70 anos e com uma carreira consagrada com obras como Touro Indomável, Táxi Driver,
Os bons Companheiros, Os Infiltrados em seu valoroso currículo,
o diretor Martin Scorcese não somente continua em atividade como resolveu
inovar a sua filmografia. Pela primeira vez, Scorcese dirige um filme infanto-juvenil
e utiliza-se da tecnologia 3D. E o faz muito bem.
Baseado
no livro homônimo de Brian Selnick, o filme passado na Paris da década de 30,
mostra as aventuras do jovem Hugo que, após o falecimento de seu pai, passa a
viver dentro da estação de trem e precisa descobrir qual a ligação que um
misterioso autônomo tem com o seu genitor.
No
decorrer desta aventura o garoto é auxiliado pela jovem Isabelle e é perseguido
pelo Inspetor da Estação. Além disso, tem que entender com a ligação do tio da
moca com o autônomo.
O
filme na verdade é uma belíssima homenagem aos primeiros anos do cinema e á literatura.
Á medida que a sua “investigação” avança, Hugo descobre que o autônomo que está
em mãos tem relação direta com o início do cinema.
Assim,
além de divertir e emocionar adultos e crianças ao longo da projeção, o filme
dá uma verdadeira aula sobre o início do cinema e de como a arte era feita nos
seus primórdios. Além disso, a personagem Isabelle e o Livreiro vivido por
Cristopher Lee ressaltam a grande importância dos livros.
Embalado
por uma trilha sonora que pontua bem os momentos de drama e aventura o longa
apresenta ainda belíssimos diálogos, sendo o mais tocante o qual Hugo faz uma
alegoria entre a sua importância na vida e as peças de uma máquina.
O
elenco é de primeira linha. O jovem Asa Butterfield encara com competência o
trabalho do protagonista e é no seu olhar que reside o seu maior trunfo
interpretativo. Chloe Moretz que apesar da pouca idade já mostrara talento como
a Hit-Girl de Kick-Ass- Quebrando tudo e a vampira de Deixe-me Entrar , se sai novamente muito bem, firmando-se cada vez
mais na carreira como Isabelle. Sir Bem Kingsley como o ex-cineasta Geroge
Mélies e tio de Isabelle entrega, como se era esperado, mais uma atuação. A
grande surpresa fica para Sacha Baron Cohen. O ator dos infames e divertidos Borat e Bruno está devidamente contido e consegue passar tanto rigidez como
sensibilidade no papel do Inspetor da Estação.
Concebido
e filmado em 3D Nativo[1]é
desta forma que o filme deve ser assistido. Scorcese, mesmo debutando na
utilização da tecnologia apresenta uma das melhores atualizações da mesma desde
Avatar. O 3D do filme funciona ora
para preencher a sala de projeção com neve, folhas de papel, faíscas e fumaça,
ora para “dar vida” ás intricadas maquinarias do relógio da estação e das peças
do autônomo. E mais: a profundidade muito bem aplicada causa ótima sensação de
imersão e o mais importante realça a belíssima direção de arte.
O
que destoa de roda a qualidade do longa é o seu roteiro e ritmo irregulares. Se
no começo, o filme emociona e chama logo a atenção, aos poucos vai perdendo
ritmo só retomando seu fôlego nas seqüências mostrando a história do cinema.
Além disso, incomoda o fato de certas situações serem apresentadas, para
imediatamente serem descartadas ou não mais utilizadas.
Mesmo
assim o resultado é uma aventura emocionante e emocional e uma belíssima
homenagem ao cinema de um dos seus maiores diretores da atualidade. Com 11
indicações ao Oscar desse ano, vem forte para brigar com outra obra única “O
Artista”. O cinema agradece por esse “embate de homenagens” e belos trabalhos.
Cotação:
Ficha
técnica: A invenção de Hugo Canret (Hugo, USA, 2011). Aventura. Drama. Diretor: Martin Scorcese. Elenco:
Asa Butterfield, Clhoe Moretz, Ben, Kingsley, Christopher Lee, Sacha Baron
Cohen. Duração: 129 min.
[1] Caso
queiram saber a diferença entre 3D Nativo e convertido e de como funciona o 3D
convido-lhes para a leitura do Tecnologia #02 (http://blogdofalandode.blogspot.com/2012/02/tecnologia-2-o-3d-e-suas-possibilidades.html)