domingo, 22 de novembro de 2015

A linguagem cinematográfica das cores - parte 4

2.3 – Cores aliadas à fotografia para construção de clima.

            Fotografia em termos cinematográficos abrange tanto a angulação, jogo de câmera, também a utilização da luz e o tratamento na cor do filme, tudo para passar um ou mais significados ao espectador.


 2.3.1 – A fotografia de Seven – Os Setes Crimes Capitais
            É inegável o caráter sombrio de Seven – Os Sete crimes capitais, de 1995, dirigido por David Fincher. O tema, as formas mórbidas e inventivas de como os crimes são ligadas aos pecados capitais e, logicamente, seu desfecho, remetem a algo macabro, pesado, desolador.


            Um dos elementos que mais acentuam tal fato é a fotografia do filme, trabalho primoroso de Fincher ao lado do diretor de fotografia Darius Kondji. Desde a primeira sequência já se estabelece a atmosfera e a trama sombria na qual os personagens de Brad Pitt e Morgan Freeman irão se aventurar.
O mundo sombrio de Seven tem a fotografia como um dos seus destaques

Há também seu uso para destacar cada um dos pecados. Como exemplo, no caso de “preguiça” o ambiente encontra-se todo escuro. As luzes das lanternas dos policiais quando adentram o local do crime são um feixe de cor naquele ambiente inóspito e a tentativa de fuga de um mundo tão claustrofóbico. Mais que isso: destaca que a única luz que está naquele local só pode vir de fora dele.





2.3.2-  O tratamento da cor em O Resgate do Soldado Ryan

            O drama de guerra O Resgate do Soldado Ryan, dirigido por Seteven Spielberg e lançado em 1998 revolucionou o tratamento da cor em fotografia. Tal feito resultou no oscar de melhor fotografia para Janusz Kaminski.

            Para que o longa passasse o aspecto documental, de época, utilizou-se a técnica de retirada de 60% da cor em laboratório resultando em uma aparência pálida, em verde oliva, como uma fotografia envelhecida.



           Outro resultado propositalmente obtido com esse tratamento foi um maior destaque ao vermelho do sangue dando ainda mais ênfase à violência e brutalidade da guerra.



            Somando esses aspectos a outras formas de linguagem, o filme estabeleceu parâmetros técnicos que são utilizados até hoje para filmes de guerra.

A linguagem cinematográfica das cores - parte 3

A linguagem cinematográfica das cores - parte 3


2.2 – A cor como estado de espírito dos personagens - continuação

2.2.2 – A libertação de Elza em Frozen

            Engana-se quem acha que as animações também não se utilizam de recursos de linguagem inteligentes para expressar sua visão. E o fenômeno Frozen, de 2013, não escapa dessa vertente.

            Na emblemática sequência onde Elza caminha pela montanha cantando “Let it go”, há a clara intenção de mostrar que a personagem está em processo de libertação. E, mais uma vez, figurino e cores são utilizados para destacar tal fato.

            Em razão de seus poderes, a personagem se tornou uma pessoa introspectiva e recatada. Seu figurino, inicialmente, fechado destaca isso. E os tons arroxeado e azul escuro auxiliam nessa composição.

            Como podemos observar na tabela constante na página 2 desse trabalho, a cor violeta é ligado ao sentimento de martírio enquanto o azul escuro simboliza melancolia.


Já quando decide se “libertar”, Elza passa adotar uma roupa mais “aberta”, com tons de azul claro e brilhantes. O azul claro é representação simbólica de leveza, frescor e espiritualidade.





A linguagem cinematográfica das cores - parte 2

A linguagem cinematográfica da cores parte 2


2.2 – A cor como estado de espírito dos personagens


2.2.1 – As roupas de Kay Corleone na trilogia “O Poderoso Chefão”
            A trilogia “O Poderoso Chefão” além de ser uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos é um exemplo rico das mais variadas utilizações da linguagem cinematográfica.

            Em uma delas, há a utilização de cor e vestuário para demonstrar o estado de espírito da personagem Kay Corleone (Diane Keaton), esposa de Michael Corleone (Al Pacino) ao longo da trilogia.
            Em suas primeiras aparições, Kay se destaca dentre a família Corleone utilizando-se de figurinos em tons laranja ou vermelhos contrapondo-se aos tons escuros utilizados pelos demais membros da família. Aqui quer se destacar a vitalidade, alegria da personagem além de mostrar a sua diferença entre o clima e universo sombrios dos Corleone. Kay é um elemento díspare desse universo.

            Porém, à medida que Michael toma as rédeas dos negócios da família e a leva para dentro desse universo pesado, a própria passa a incorporar tons mais escuros em seu figurino. A mensagem é clara: sua vitalidade e alegria estão sendo sugadas.

Em uma sacada genial, ao fim da segunda parte da trilogia há uma cena onde Kay, já decidida a se separar de Michael, encontra-se costurando um vestido de cor alaranjada ou avermelhado simbolizando a retomada da sua vida e vitalidade naquele momento.

            Porém, na parte da final da trilogia, temos Kay utilizando-se de figurinos em tons mais pastéis, sugerindo que, ainda tendo ser tornado uma mulher mais forte, a tristeza e escuridão que presenciou por todos aqueles anos a marcou para sempre.





Fontes:
[1] http://www4.cinemaemcena.com.br/diariodebordo/?p=517