O médico e o vampiro
Por Marlon Fonseca
Vampiros são das criaturas
sobrenaturais e mitológicas mais populares e interessantes. Porém vêm sendo
relegados com poucas obras recentes e, quando feitas, não muito lá agradáveis
ou profundas. Vampyr, do estúdio dontnod, de jogos como Life Is Strange e Remember Me, vem na tentativa de preencher esse
vácuo que se encontra ainda maior no mundo dos games
Ambientando em uma Inglaterra
Vitoriana assolada por uma epidemia misteriosa acompanhamos o médico Jonathan
Reid que, transformada em uma das criaturas, desperta para uma nova realidade
tendo que entender e se acostumar com essa nova realidade enquanto envolve em
uma teia de pessoas, mistério e situações.
Essa dicotomia entre médico e
vampiro é extremamente essencial ao jogo seja no desenvolvimento do personagem
e os questionamentos morais que o envolve, seja na estrutura de jogo.
Trata-se de um RPG de ação,
com elementos de adventure em um mundo semi-aberto em um casamento harmonioso
entre todos esses estilos.
O jogador basicamente pode
seguir três caminhos e atitudes durante a história (que obviamente gerarão
reações e finais distintos): respeitar o lado médico e humano e cuidar dos
personagens sem sugar seus sangues, abraçar seu lado vampiro e fazer dos
humanos “pontes” para se tornar um ser cada vez mais poderoso ou oscilar entre ambos
os lados estabelecendo algum tipo de código moral decidindo quem poupar ou quem
sacrificar ao longo da trajetória
Isso sem dúvidas é a coisa
mais interessante que o jogo oferece. Para evoluir o personagem o que mais fornece XP é o sangue humano. Matar inimigos comuns, curar pacientes ou conversar com
os habitantes por sua vez geram muito pouco. Ou seja, se o jogador deseja um
personagem forte com uma gama maior de habilidades e poderes vai ter que sacrificar
alguns incautos.
E dentro desse sistema há
ainda a “saúde” dos 4 distritos no jogo. Quanto mais gente morta ou doente mais
caótica fica a situação no local.
Para aumentar ainda mais a
questão moral da coisa ao sacrificar um indivíduo ouve-se o seu último
pensamento o que pode causar arrependimento, culpa ou até alívio por ter sacado
aquela vida.
É um jogo que exige muito dos
diálogos com os habitantes. Seja para conhece-los melhor, parasse aprofundar na
história ou para prosseguir no jogo. Isso pode soar “chato” para alguns
jogadores, mas no fundo é bem interessante
.
Nessa situação do jogo ele
lembra bastante a árvore de diálogos dos jogos da Bioware.
Já no quesito de ação, ela se
apresenta extremamente simples ainda que o jogo forneça 3 barras distintas
(vida, sangue para os poderes especiais e vigor) e uma boa parcela de poderes desbloqueáveis.
Não se exige muita estratégia
e poucas boss fights exigem um pouco
mais de destreza. Não há uma variação de inimigos e os grupos estão sempre no
mesmo lugar a cada noite. A jogabilidade é bem fácil e responsiva.
Ainda há, também, um leve elemento
de busca de recursos seja para a melhoria das armas, seja na fabricação de
remédios ou soros.
O mapa não é muito grande, nele
existem esconderijos espalhados onde o personagem pode passar a noite e
evoluir. Mesmo assim ele é em alguns momentos confuso de navegar podendo deixar
o jogador perdido em algumas ocasiões. A ausência de fast travel começa a fazer a jogatina ficar cansativa da metade para
final do jogo.
Em termos de áudio e visual
trata-se de um jogo mediano. O destaque fica por conta da modelagem e visual
dos personagens. Já os cenários e direção de arte ficam prejudicados pelo
excesso de repetição de elementos. A trilha sonora é competente e sabe dar o
clima necessário para o jogo e época em que ele passa.
Em termos gerais Vampyr
entrega uma experiência e história vampiresca interessantes. Ao fazer de seu
protagonista um médico ele soube trabalhar e trazer elementos morais tanto para
a história como para jogabilidade. Ainda que soe um pouco mais repetitivo e
cansativo quando caminha para a sua parte final, é definitivamente um jogo que
possa merecer atenção aos ávidos por esse tipo de estilo ou universo.
Nota Geral: 8,0
Pontos positivos:
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