Opiniões # 06 –Filha do Mal (USA, 2012)
Por Marlon Fonseca
Filha do Mal é mais um filme de terror a
utilizar a estrutura de “falso documentário” e mais uma tentativa de assustar
as platéias com o tema “exorcismo”. São por esses dois primas que o filme deve
ser analisado.
Quando
a adaptação ás telas do livro “O Exorcista” chegou aos cinemas em 1973 a platéia não somente
se deparou com um dos filmes mais assustadores de todos os tempos (e o é até
hoje) como com um dos temas mais espinhosos: o da possessão demoníaca sob a
visão do dogma católica.
Após
desastrosas continuações do longa o tema passou a ser relegado a filmes de
terror de baixo orçamento e pouco conhecidos do público por bastante tempo.
Após notícias de que o Vaticano possuía um manual contendo os ritos para se
detectar uma possível possessão e os rituais a serem seguidos em uma sessão de
exorcismo[1] e
de que mantinha um curso sobre o tema para seus padres o interesse pelo assunto
revigorou-se e novas produções vêm surgindo ao longo dos anos.
Filha do Mal aborda de uma forma ou
outra todos os temas acima mencionados ao narrar a história de uma jovem mulher (a brasileira Fernanda Andrade) que descobre que sua mãe que se encontra em internada em um hospício em Roma
após assassinar três pessoas, o fez em meio a um ritual de exorcismo. Como
parte de sua investigação do ocorrido, decide presenciar e documentar um
exorcismo de verdade com a ajuda de um jovem cineasta e de dois jovens padres
que praticam exorcismos sem o consentimento da Igreja. A situação, logicamente,
foge do controle.
Em
sua primeira metade o longa chega a ser interessante ao mostrar o curso de
Exorcismo do Vaticano e a apresentar certos momentos de tensão como no
reencontro entre mãe e filha no hospício e na primeira e “nervosa” sessão de
exorcismo presenciada pela jovem. Chega, inclusive, a tentar desenvolver seus
personagens, principalmente a dupla de Padres que ajudam a protagonista (seriam
eles movidos pela fé, por ideologia ou pelo ego?). Mas vai perdendo o ritmo, a
identidade, temas aparentemente importantes são largadas pelo caminho[2], apresentando
uma sucessão de situações apressadas até chegar a um final risível que
compromete todo o trabalho.
Conforme
já falado, o estilo adotado pelo filme, o de “falso documentário” vem sendo
cada vez mais utilizado no cinema e expandindo os temas além do terror. Estilo este que se popularizou com o
lançamento de “A Bruxa de Blair” e revigorou-se com “Cloverfield-Monstro” e a franquia “Atividade Paranormal”. Os realizadores desse tipo de produção,
inclusive, parecem ter tirado do primeiro, algumas “regras” ou uma espécie de
“cartilha” sobre como se deve realizar filmes desta espécie: atores
desconhecidos do grade público, câmeras e angulações simples para o dar o ar de
“vídeo amador” e o principal e pior: final corrido e abrupto. Tudo para dar (ou
tentar dar) uma sensação maior de “veracidade”.
Essa
“Cartilha” se bem utilizada de fato ajuda na concepção no clima deste tipo de
filme. Porém, é sempre gratificante quando se tenta expandir essas “regras”
conforme visto em Cloverfield, REC e em O
Caçador de Troll.
O
último item da cartilha, o do final abrupto, aliás, foi o responsável pelo pior
momento do filme. A forma de como ele acaba só pode gerar dois efeitos ao
público: a risada debochada ou a raiva pela besteira recém assistida. [3]
Assim
se o filme inicialmente apresenta-se e porta-se como um trabalho aparentemente
sério, em seu decorrer se auto sabota por esquecer-se de continuar com o clima
e fluidez estabelecidos optando por soluções fáceis, situações ridículas e um
final de dar pena... do espectador.
Cotação:
Ficha técnica: Filha do Mal (The Devil Inside, USA, 2012). Terror. Direção: Willian Brent Bell. Elenco: Fernanda Andrade, Simon Quarterman e Evan Helmuth. duração: 83 min.
[1] Esse
manual inclusive foi publicado e pode ser encontrado nas livrarias.
[2] O tal
“conecte os cortes” tão alarmado no trailer e que tanto nele como no filme
deixa a impressão de que seria de importância para a resolução do “mistério”
simplesmente é ignorado no decorrer do longa.
[3] A
platéia, como bom termômetro que é, geralmente fica com a primeira opção.
é óbvio que eu NUNCA vou assistir!!!
ResponderExcluirEu não vi todo, mas o filme é punk
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