...CINEMA.
Opiniões #18- Jogos
Vorazes (The Hunger Games, USA, 2012)
Por Marlon Fonseca
Nova saga
literária voltada a um público mais jovem, Jogos
Vorazes chega aos cinemas para estabelecer-se também nesta mídia A
trilogia escrita por Suzanne Collins encontra-se há mais de 160 semanas na
lista dos mais vendidos do New York Times
e possui milhares de fás em todo o mundo. E com o filme, com certeza novoss
seguidores surgirão.
Adaptação
bastante fiel do primeiro livro da trilogia, Jogos Vorazes passa-se em um mudo
pós-apocalíptico onde os Estados Unidos foram divididos em doze distritos.
Anualmente, cada distrito tem que ceder um casal de jovens para a participação
de um torneio. Nesta primeira parte da saga, acompanharemos o sacrifício, treinamento e participação
da jovem Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) no torneio.
Engana-se
bastante quem, sem conhecer a obra, a encara como uma “literatura rasa
adolescente”. A trama, tanto do livro como do filme, contém subtextos bastante
interessantes e bem colocados com críticas contundentes á sociedade,
principalmente na questão da utilização do entretenimento como forma de
dominação das massas e seus efeitos nos participantes e espectadores. Sacrifício, lealdade e coragem também estão presentes.
Palmas, portanto, para o diretor
Gary Ross (que dirigiu Seabiscuit)
que, ao lado da própria Suzanne Collins e mais dois roteiristas, mantiveram a
essência da obra intacta, ainda que, por motivos óbvios[1], tenha
havidos supressões ou algumas mudanças. Mas o importante é que ele foi feito
com bastante cuidado, sem furos aparentes e conta a história de forma bastante
competente e com diálogos acima da média.
Na primeira parte do longa o
espectador é apresentado ao mundo na qual a saga se insere. Seus personagens e
suas relações, a forma de como o torneio é visto e “vendido”, bem como o
treinamento e preparação da protagonista, seu companheiro de Distrito e demais
participantes para o embate.
É
aqui, também, que começa a ser tratada de forma bastante competente o principal
subtexto do filme. O torneio, claramente fora criado como forma de dominação,
intimidação e alienação das massas. Algo, inclusive, que está muito longe de
ser ficcional. Pode-se encarar os Jogos Vorazes como um misto de Realiy show e luta de gladiadores coisas
comuns na nossa história e sociedade atual.
Nesse
caso, porém, não vemos os combatentes esfuziados e histéricos como num Big Brother ou gesticulando de forma
heróica como supostamente era na época do Coliseu romano. O Resultado do
sorteio que define os participantes traz aos escolhidos um responsabilidade e
fardo recebidos com bastante pesar. Porém, curiosamente, eles são aconselhados
e posarem exatamente como um misto de gladiadores e “pseudo celebridades” como
os Brothers, para angariarem a
simpatia do público e os indispensáveis “patrocinadores”.
Passada
esta irretocável primeira parte, chega com a segunda parte, enfim os jogos em si. E aqui a brutalidade
física e emocional reina. Mesmo que o filme visivelmente tenta atenuar o tom
para não pegar uma classificação etária maior, é chocante assistir jovens com
idades entre 12 e 18 anos se caçando e matando brutalmente.
Mesmo
assim, a subtrama ainda se apresenta. Principalmente quando vemos os
“bastidores” dos programas e as duas freqüentes artimanhas e manipulações para
tornar o “espetáculo” mais “interessante”. Ainda há também a participação
prática dos tais “patrocinadores” com o envio de remédios, alimentos aos
combatentes “patrocinados”.[2] Há também a formação de alianças que diante da própria situação na qual se encontram já nascem frágeis, mesmo que algumas ainda sinceras.
Além
de tudo isso há logicamente uma inevitável história de romance, feita, também,
com extrema competência. O triângulo amoroso é bastante palatável e longe do
melodrama barato como em outra saga de sucesso recente. As motivações aqui são
bem mais fortes[3] e
fundadas das mais variadas formas.
Por
fim e muito longe de ser menos importante, resta o cuidado na escolha do
formidável elenco. Jennifer Lawrence, a protagonista, já havia mostrado uma
assombrosa maturidade interpretativa em seu difícil e forte papel em Inverno da Alma[4]. Quem a viu neste trabalho descobre que
sua escolha para protagonizar a saga não foi em vão. O começo de Jogos
Vorazes, inclusive, é situado em lugares e situações bastante parecidos como de
seu trabalho anterior. Mas não achem que por isso ela aqui se repete. Não mesmo, pois ela
vai além. Sua expressividade e força no olhar é algo extremamente raro. Talento
e competência natos que se desenvolvem a cada trabalho. Sem dúvidas veio para ficar.
Compondo
o resto do elenco, temos um Josh Hutgherson correto que aparenta também
amadurecimento e parece ter superado a perda do papel de Peter Parker em O
Espetacular
Homem-Aranha para Andrew Garfield.[5] Satanley
tucci, Woody Harrelson, Lenny kravitz, Donald Sutherland e Toby Jones
dignificam e qualificam o elenco de apoio.
Assim,
e sem dúvidas, tanto o fã e conhecedor da saga literária como o espectador que
estará a conhecendo pela primeira vez, sairá extremamente satisfeito por ter
visto um filme que diverte, interessa e é extremamente bem feito. A sorte de Jogos Vorazes já a está acompanhando e
com certeza aumentará com os novos fãs que surgirão com o filme.
Cotação: (4/5 - Muito Bom)
Ficha Técnica: Jogos Vorazes (The Hunger Games, USA, 2012).
Ação, Drama e Romance. Direção: Gary Ross. Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Woody Harrelson, Stanley Tucci, Donald
Sutherland, Toby Jones. Duração: 144 min.
Agradecimentos: Como o autor não teve tempo hábil para a leitura do livro
fez um “trabalho de campo” e pesquisou junto aos espectadores da sessão se o
livro fora bem transportado para as telas. Todos foram unânimes em dizer que
sim. O “Falando de...” agradece a vocês colaboradores anônimos para com a ajuda
nesta “opinião”.
[1]
Literatura e cinema são mídias diferentes e mudanças em adaptações de livros
para cinema geralmente são necessárias. No caso, a permanência da essência da
obra adaptada é que deve ser preservada.
[2]
Ainda há espaço em meio ao caos para uma cena extremamente bela e sensível para
relatar a morte de uma querida personagem.
[4] Filme no
qual concorreu aos Oscar de melhor atriz em 2011. Ela também fez a jovem Mística em "X-Men: Primeira Classe" no ano passado.
[5] Sua
visível ausência de carisma com certeza fora observado para o futuro que seu
personagem aparenta carregar.
O filme é horroroso ao cubo! É um crossover sinistro de BIG BROTHER com SURVIVOR e SAW.
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